Níquel cai e Vale corta produção no Canadá
05/12/08
A Companhia Vale do Rio Doce anunciou ontem parada na produção de níquel nas minas da Vale Inco, sua subsidiária integral com sede no Canadá. O comunicado da mineradora informa que em virtude das condições atuais no mercado global de níquel, vai paralisar por tempo indeterminado a partir de janeiro a mina de Copper Cliff South, em Sudbury. Ainda segundo a mineradora, em julho ficam suspensas as operações de Voisey”s Bay, na província de Labrador e Newfounland, que compreende ainda a mina de Ovoid e uma unidade de processamento de cobre e níquel concentrados. Além do corte de produção, a Vale vai postergar por um ano o início do projeto de Copper Cliff Deep, cujo investimento total é de US$ 814 milhões. Estas medidas envolvem ainda o lançamento de um programa de aposentadoria voluntária dos funcionários administrativos da Vale Inco.
A cotação do níquel vem despencando na London Metal Exchange (LME) e ontem atingiu US$ 9.055 por tonelada. O valor está chegando a um patamar considerado perigoso porque aproxima-se do valor de custo da produção da maioria das fabricantes de níquel. Nesse caso, como destaca o analista de mineração e siderurgia da SLW Corretora, Pedro Galdi, se não houver paradas programadas de produção o negócio fica inviabilizado. Galdi não tem dúvidas de que a forte retração econômica vai continuar reduzindo o preço das commodities e as mineradoras vão manter as paradas programadas num cenário de oferta maior que a demanda. “O equilíbrio só vem pelo corte de produção”.
A crise dos mercados, que agora avança sobre a economia real, está tomando proporções cada vez mais fortes e a Vale sofre mais do que outras mineradoras porque atua muito na linha dos insumos siderúrgicos. E toda a cadeia mínero-siderúrgica está tomada pela recessão. Por isto, a crise “bate na veia da Vale”, avalia Galdi.
Mesmo nesse ambiente hostil, Galdi prevê lucro para a Vale no quarto trimestre. “Um lucro bom nesse cenário de caos”. Ele vê a mineradora tendo queda forte no seu faturamento porque deverá vender menos minério e porque as cotações do cobre e do níquel caíram. Também sofrerá pressão de custos, mas com bom resultado financeiro. “Hoje, a Vale tem condições para suportar os desafios quieta, mas no futuro vai se revelar uma consolidadora dado sua excelente condição de caixa.”
Em meio a tanta turbulência, as negociações de preço do minério de ferro ainda não começaram. Será mais um ano de negociação fora do padrão. As siderúrgicas vão exigir um corte enorme no preço do minério e as mineradoras vão se esconder. Isto, sem falar na discussão da forma de fixação do preço: benchmark ou preço livre. (VSD)
Valor Econômico