Nacionalização dos minérios não afeta investidores, diz Bolívia
18/10/06
LA PAZ – O governo boliviano reafirmou nesta segunda-feira que o plano de reativação da mineração estatal, a ser lançado em breve, não afetará os investimentos privados.
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O vice-presidente Álvaro García disse que o projeto, a ser anunciado ainda neste mês pelo presidente Evo Morales, será parecido com o da nacionalização dos hidrocarbonetos, feita em maio, no sentido de que não incluirá expropriações.
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“O investidor privado não tem com que se preocupar”, afirmou García a jornalistas, contrapondo-se a reportagens que colocaram em dúvida a segurança jurídica nos investimentos em mineração.
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“Será reativada a empresa estatal Comibol? O presidente está trabalhando nisso, mas no investimento estrangeiro e local, que investe, gera emprego, nesse não se toca”, acrescentou García.
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As declarações do vice-presidente boliviano ocorrem no momento em que o governo prepara os últimos detalhes de um contrato com a empresa indiana Jindal Steel and Power, com investimentos de 2,1 bilhões de dólares na exploração da gigantesca jazida de ferro de El Mutún.
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A confirmação dessas garantias coincidem com informações da imprensa local de que os projetos de exploração das minas de prata, zinco e chumbo de San Cristóbal e San Bartolomé, que pertencem às mineradoras norte-americanas Apex Silver e Couer d`Alene, respectivamente, entrarão em operação ao final de 2007.
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San Cristóbal, com investimento de quase 600 milhões de dólares, será a terceira maior mina de prata do mundo. San Bartolomé, um projeto de quase 100 milhões de dólares, terá um grande impacto social na cidade de Potosí, famosa por sua montanha de prata, o “Cerro Rico”, devastada durante a colonização espanhola.
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A reforma da mineração foi acelerada por causa do recente confronto entre mineiros cooperativistas e funcionários da estatal Comibol na mina de estanho de Huanuni, que deixou pelo menos 16 mortos.
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O ministro da Mineração, Guillermo Dalence, havia previsto apresentar na segunda-feira a proposta oficial de encarregar a Comibol da reativação de Huanuni, a maior mina de estanho do país, e transformar os cooperativistas em trabalhadores assalariados, segundo a agência estatal de notícias ABI.
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No domingo, em discurso a agricultores, Morales prometeu “surpresas” na exploração de estanho, prata e ouro como atividades controladas pelo Estado.
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“Esses minerais têm de passar ao Estado boliviano sob o controle social do povo boliviano, isso é o próximo passo urgente a dar”, disse Morales.
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Em 2005, a Bolívia exportou cerca de 500 milhões de dólares em minérios, quase um quinto do total de suas exportações. Neste ano, o valor deve ser consideravelmente maior, devido ao crescimento do preço das matérias-primas no mercado internacional.
Reuters