Mudanças climáticas
02/12/08
Ao lançar, nesta segunda-feira, o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, o qual estabelece, pela primeira vez, metas domésticas de emissão de gás carbônico, o principal causador do chamado efeito estufa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinalou que “não basta ter um plano, devemos ter também um processo de conscientização da sociedade brasileira sobre a vantagem comparativa que um país como o Brasil tem, em preservar suas florestas”. Aludindo, na oportunidade, à tragédia provocada pelas enchentes de Santa Catarina, o presidente informou já ter pedido ao ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, um estudo sobre a questão de que participem os maiores especialistas brasileiros, até por verificar-se, como se verifica, que “terras situadas, inclusive, em áreas de preservação ambiental, portanto totalmente arborizadas, estão se movendo com uma velocidade muito grande”. O presidente afirmou ainda que chamará os prefeitos eleitos dos municípios com maiores índices de desmatamento , visando ao estabelecimento de metas de preservação ambiental. Segundo o plano lançado ontem, até 2017 o Brasil pretende reduzir o desmatamento entre 20% e 40%, o que evitaria a emissão de cerca de 4 bilhões de toneladas de gás carbônico.De acordo com Suzana Kahn, secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, “isso é mais do que o protocolo de Kyoto inteiro tinha vislumbrado”. Pelo último levantamento oficial, de 1994, o desmatamento responde, aliás, por 75% das emissões de gases do efeito estufa no país.Outro ponto do plano lançado ontem é que, até 2015, o Brasil se propõe zerar a perda líquida de cobertura vegetal, ou seja, dentro de sete anos o país plantará o mesmo número de árvores derrubadas, passando dos atuais 5 milhões para 10 milhões de hectares, sendo que um quinto das novas árvores terão que ser nativas. No setor energético, a meta é reduzir o desperdício na distribuição de energia em cerca de 1 milhão de megawatts por ano, a partir de 2009.De qualquer modo, o desafio do combate ao desmatamento, no conjunto das metas ambientais, é tanto maior ao se constatar, pelos números divulgados na última sexta-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Ambientais (Inpe), que entre agosto de 2007 e julho de 2008 a Amazônia perdeu 11.968 km² de florestas, uma área 3,8% maior do a desflorestada no período 2006-2007, quando a devastação alcançara 11.532 km². Ainda que o próprio diretor do Inpe, Gilberto Câmara, considerando a margem de erro da estimativa, tenha considerado o desmatamento na região como estabilizado, o índice frustra expectativas e revela, uma vez mais, a extensão e complexidade de um problema cuja superação afigura-se, decerto, fundamental para o futuro do país.
Jornal do Commercio Brasil – RJ