MST recebe citação da justiça, mas permanece às margens da Ferrovia
24/10/07
Após ser invadida na manhã de quarta-feira (17), por um grupo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e liberada na tarde do dia seguinte, quinta-feira (18), a estrada de ferro Carajás (EFC) continua sendo alvo de polêmica e lugar de muita tensão. Mesmo com a desocupação acontecendo conforme acordo firmado entre a direção da CVRD e a coordenação do MST, um grande contingente policial, mais de 100 homens, composto pela Polícia Federal (PF), Polícia Militar (PM) incluindo tropa de choque, e Polícia Civil (PC) compareceram ao local onde se encontram acampados cerca de cinco mil integrantes do MST e ainda de cooperativas de mineradores. O objetivo do comparecimento da polícia ao local, segundo o oficial de justiça, foi apenas entregar aos líderes do movimento a citação da ação que está sendo movida contra o MST pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O responsável pela ação é o juiz federal Francisco de Assis Garcês Castro Júnior. A polícia chegou ao local por volta das 10h30 da manhã de sexta-feira (19), em oito viaturas e um ônibus, e foi recebida com grande alvoroço pelos integrantes do movimento que já se preparavam para uma assembléia. Os coordenadores foram convidados para assinar tanto a citação como também o acordo que foi feito com a CVRD de se manterem longe dos trilhos. Os integrantes se disseram ofendidos e afirmaram não ser necessário a presença da polícia no local ?por não se tratar de bandidos e sim de pessoas de bem e trabalhadoras?. Depois de pelo menos meia hora no local, prazo em que foi assinada a documentação enviada pela Justiça Federal, e durante todo o tempo os membros do MST estiveram de prontidão com cacetes, foices, facões e bandeiras. Não houve nenhuma ação da polícia, que deixou o local em comboio. Logo após, conforme previsto, o MST realizou uma assembléia e neste momento um trem de cargas passou pelo local e não sofreu nenhum atentado por parte dos sem terra. O acordo – A coordenadora estadual do MST, Maria Raimunda, explicou que a mudança de lugar do acampamento, do lado direito, no sentido Pará Maranhão, para ao lado esquerdo, se deu pelo cumprimento de acordo firmado entre a CVRD e o MST. ?Estamos cumprindo as determinações do Ministério de Minas e Energia que exige a distância de 40 metros de aproximação da ferrovia de qualquer espécie de moradia?, explica ela que conta que foi decidido fazer este recuo tanto para dar mais segurança para os acampados e ainda para facilitar ao diálogo com a mineradora e com os governos estadual e federal. ?Fizemos nossa parte, agora esperamos que as autoridades que firmaram o compromisso de negociar nossas reivindicações cumpram conosco sua parte?, salienta Maria Raimunda. Quando fala em acordos firmados pelo governo ela se refere à garantia de uma reunião dia 25 com os ministros responsáveis e competentes para discutir e atender a extensa pauta apresentada na ?Jornada de Lutas? que se iniciou o último dia 15.
Correio do Pará