MRS e EFVM acirram disputa por transporte de ferro gusa
11/07/07
Negócio envolve 2 milhões de toneladas/ano do produto A ferrovia MRS Logística quer assumir neste ano a liderança do mercado de transporte de ferro gusa, que hoje é da Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM), da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Em dois anos no segmento, a MRS conseguiu fatia de 35% do mercado. Neste primeiro semestre, movimentou 330 mil toneladas, 76% a mais frente a igual período de 2006. A MRS e a EFVM disputam o mercado de ferro gusa na região de Sete Lagoas e Divinópolis, ambas em Minas Gerais. A MRS transporta o produto em direção aos portos do Rio de Janeiro, enquanto a EFVM movimenta a mercadoria em direção ao Porto de Vitória (ES). A disputa envolve 2 milhões de toneladas de ferro gusa, exportadas anualmente por pequenos e médios mineradores para Europa e Ásia. Liderança de mercado Segundo Fernando Poça, gerente corporativo de cargas geral da MRS Logística, a empresa espera movimentar mais de 1 milhão de toneladas neste ano, o que dará liderança de mercado à empresa. O crescimento do transporte ocorre com a conquista de cargas antes transportadas pela EFVM, uma vez que o mercado de ferro gusa passa por um momento de retração. As chamadas indústrias não integradas ou independentes de ferro-gusa – matéria-prima da fabricação de aço – de Minas Gerais estão sofrendo com a desvalorização do dólar frente ao real, que provocou perda de contratos de exportação e reduziu competitividade. O cenário é de crise, com redução da produção e corte de empregos. Nem a curva ascendente do insumo no mercado internacional compensaria as perdas. Poça explica que a empresa mantém a aposta no setor apesar do cenário. Em parceria com o terminal Triunfo, do Porto do Rio, ela investirá R$ 30 milhões para melhorar a operação de exportação da commodity. As companhias querem comprar barcaças que realizarão o carregamento do produto em navios de grande porte, além de aumentar retroárea do porto para armazenagem e otimização das operações. `Essas intervenções irão proporcionar ampliação da capacidade de atendimento para 2,5 milhões de toneladas por ano`, explica Poça, lembrando que a empresa embarca pelo terminal gusa de acearia, na modalidade granel, que tem menor valor agregado. `Os investimentos incluem uma correia transportadora, para levar a carga da retroárea do Arará até o porto.` O transporte do ferro gusa começa na região de Sete Lagoas e Divinópolis, onde estão os principais produtores. Caminhões retiram a carga das fábricas e levam em direção a dois terminais: o de Joaquim Murtinho (em Conselheiro Lafaiete, MG) e o de Sarzedo Novo (Belo Horizonte), que foi inaugurado recentemente. Nos terminais, é feito o carregamento nos trens da MRS. Quando produto chega ao Porto do Rio de Janeiro, o carregamento ocorre primeiro no cais. Quando o embarque chega a 44 mil toneladas, o navio é deslocado para um local com maior profundidade, para que as barcaças completem a operação. `Já atingimos o recorde de carregamento de navio com uma prancha superior a 31 mil toneladas por dia`, afirma Poça. CrescimentoSegundo ele, a empresa investiu até aqui cerca de R$ 20 milhões na operação. O rápido crescimento nesse mercado também foi resultado da saturação do Porto de Vitória. `No Rio de Janeiro, nossa produtividade para carregamento de navio, chamado de prancha, é muito maior que a de Vitória. A operação tem custo menor e não existe fila`, garante o executivo. Os terminais de contêiner do Porto do Rio também estão se beneficiando do aumento do escoamento do ferro gusa pelo estado. A gusa de fundição, de maior valor agregado, está sendo embarcada em contêineres para pequenas e médias siderúrgicas de Taiwan. No mês de junho, foram 21 mil toneladas embarcadas nessa modalidade, operação que incluiu um terminal de contêineres do Porto de Itaguaí. `Esse mercado representa ainda pouco dentro da receita da MRS, cerca de 1%. A empresa faturou no ano passado mais de R$ 2 bilhões. Ele é importante, no entanto, porque tem maior valor agregado e ajuda na diversificação de produtos transportados pela empresa`, disse Poça. A MRS Logística opera a malha que liga Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Jornal do Commércio – RJ