04/06/08

LUIZ FRANCISCODA AGÊNCIA FOLHA, EM SIMÕES FILHO Descalças, com camisetas, blusas e bermudas, cerca de 500 pessoas em Simões Filho (BA) escavam 24 horas por dia em busca de manganês, minério encontrado no distrito de Mapele, nas imediações da antiga estação rodoviária da cidade (a 33 km de Salvador). Com pás, enxadas, facões e até pedaços de pau, famílias inteiras participam das escavações.”Sei que estamos fazendo uma coisa ilegal, mas não há emprego para nós. Somos pessoas excluídas. Não dá para ver nossos filhos passando fome e a gente não fazer nada, ainda mais tendo a possibilidade de encontrar o manganês”, declarou o pedreiro Josias Santana, 34.Para andar pela rua do Campo, onde se concentra a maior parte da área da “jazida”, é preciso driblar buracos enormes -alguns atingem 1,5 metro de profundidade. Ontem, geólogos do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) estiveram na cidade e constataram, após analisar amostras, que o minério encontrado há uma semana por duas crianças que brincavam no local é mesmo manganês.Dentro de uma semana, os geólogos deverão apresentar um relatório revelando a extensão da área e o valor econômico da descoberta. “Não quero saber se é pouco ou muito [manganês] que existe. O que quero é encontrar o produto para pagar minhas dívidas”, disse o vigilante Francisco de Andrade, 23.Além da grande movimentação dos “garimpeiros” e dos buracos nas ruas, os moradores de Mapele sentiram ontem os primeiros efeitos da descoberta do manganês em Simões Filho: as escavações desenfreadas atingiram a tubulação que leva água às moradias. Desde ontem, a cidade está sem água.A euforia pode acabar nos próximos dias -os geólogos informaram que a extração só pode ser realizada mediante autorização do Ministério das Minas e Energia.Com 1,3 milhão de toneladas por ano, o Brasil é o segundo maior produtor de manganês do mundo, atrás da África do Sul. O manganês é empregado na fabricação de aço e na produção de medicamentos e fertilizantes.
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Folha de S.Paulo