Ministro da Infraestrutura: mineração será destaque na retomada pós-coronavírus
24/04/20
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou que a mineração, o agronegócio e a atividade industrial em geral serão destaques no período de retomada do crescimento econômico, em especial para gerar milhares de empregos, na fase pós-pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Ele e mais o presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Wilson Brumer, executivos de mineradoras, como o CEO da mineradora Anglo American, Wilfred Bruijn, o CEO da Usiminas, Sergio Leite, entre outros empresários (veja os nomes mais adiante), participaram do debate on-line ‘Conexão Empresarial’, neste dia 23.
Wilson Brumer afirmou que as iniciativas do governo federal em promover condições para estimular o investimento em atividades produtivas devem ter foco na geração maciça de empregos. “Por mais esforços que as empresas estejam fazendo para manter suas operações, por mais contribuições que ofereçam à sociedade e aos governos, é preciso dar muita atenção às pessoas que se relacionam com o setor produtivo. Precisamos pensar mais nos stakeholders”, disse. O ministro Tarcísio informou que os projetos de infraestrutura, concessões, privatizações, entre outros, liderados pelo governo federal, vão atrair bilhões de dólares em investimentos e poderão contribuir para gerar centenas de milhares de empregos nos próximos anos.
Em complemento ao ministro, o dirigente do Conselho Diretor do IBRAM mencionou que a mineração tem planos de investir em cinco anos US$ 32,5 bilhões no Brasil e que este volume poderá gerar movimentação e empregos nas imensas cadeias produtivas com as quais o setor mineral se relaciona. Wilson Brumer sugeriu ao ministro Tarcísio “inserir a mineração como um dos segmentos prioritários para estimular o desenvolvimento socioeconômico do Brasil”. Ele também informou aos participantes do debate on-line que o IBRAM deu início junto às bolsas de valores do Canadá a um projeto que deverá atrair investimentos para a mineração brasileira, inclusive, a projetos de prospecção geológica, fase inicial dos empreendimentos minerários.
Sobre conciliar produção e os cuidados com a pandemia, o dirigente do IBRAM informou que desde o agravamento da pandemia, as mineradoras tomam medidas de prevenção e de segurança à saúde de seus empregados, fornecedores e das comunidades para manter sua produção, essencial para abastecer as indústrias e o agronegócio: “o pessoal administrativo passou a atuar em home office. Nas áreas operacionais há distanciamento obrigatório, sem espaço para aglomeração, inclusive no trânsito entre casa e trabalho e em refeitórios, por exemplo. Obras de expansão tiveram ritmo reduzido, sem prejuízo do cronograma, de modo a reduzir possibilidade de contágio”, citou como exemplos de iniciativas das mineradoras.
Wilson Brumer disse ainda que a crise provocada pela pandemia está concretizando uma ação há muito defendida por ele e a diretoria do IBRAM, ou seja, que as mineradoras devem ficar mais próximas das comunidades. “Com esta crise, as empresas estão se colocando à disposição para ajudar e as comunidades passam a perceber com mais nitidez a importância da presença do setor em suas vidas, ao receberem apoio direto e indireto para combater a pandemia. As empresas têm ajudado hospitais, comprando e doando equipamentos médicos, testes clínicos, apoiando até mesmo financeiramente, caso dos fornecedores por exemplo. Desta crise, que é lamentável, está sendo possível vislumbrar esta oportunidade de o setor se situar mais próximo das pessoas e vice-versa”, disse.
O CEO da mineradora Anglo American, Wilfred Bruijn, informou que a produção e vendas de minério de ferro seguem em ritmo próximo da normalidade, apesar de leve queda no preço internacional da tonelada de minério de ferro, mas há preocupação em relação ao segmento níquel. Enquanto o ferro tem mercado comprador na Ásia (China em especial), o níquel tem vendas direcionadas para a Europa, Américas e Oriente Médio, onde há momento de retração. Apesar disso, disse Bruijn, a Anglo American busca manter a produção, bem como os empregos e negócios locais para colaborar e influenciar positivamente as comunidades, inclusive, investindo na construção de infraestrutura, como a pavimentação de 30km da rodovia MG-10, em Conceição do Mato Dentro.
“Assim como a Anglo American, muitas mineradoras estão empregando esforços para apoiar suas comunidades, seus empregados e familiares, entre outros. Nem sempre as empresas estão situadas em locais desenvolvidos; em muitos casos são locais ermos, sem infraestrutura adequada, então se tornam ainda mais relevantes para a população local. A mineração brasileira está unida, cada vez mais, para ajudar o Brasil a superar a pandemia e a retomar o crescimento”, disse o dirigente.
O CEO da Usiminas, Sergio Leite informou que a atividade de mineração da Usiminas segue praticamente em nível normal, em função da relativa estabilidade do preço do minério de ferro no mercado internacional e das exportações – cerca de 70% da produção de minério da companhia são direcionados ao exterior. Já na siderurgia, a situação é preocupante, relatou.
Em abril a siderurgia, disse, registrou queda nas vendas e no faturamento superior a 60%, em relação a março. O setor de aço estima redução do consumo aparente este ano na casa dos 30%, informou. Sergio Leite disse ao ministro Tarcísio que ações do governo federal para estimular investimentos em infraestrutura e em outras atividades produtivas poderão representar um caminho para a retomada do setor, que está paralisando parcial ou totalmente altos-fornos e aciarias.
O programa Conexão Empresarial, realizado há 11 anos, foi conduzido por Paulo e Gustavo Cesar de Oliveira. Também participaram do debate Henrique Salvador (Rede Mater Dei), Emir Cadar Filho, presidente da Brasinfra – Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações de Classe de Infraestrutura, e João Kepler, (Bossa Nova Investments).