Minério de ferro é vendido a peso de ouro no Estado
17/05/10
O aquecimento da demanda mundial pelo minério de ferro, alimentado principalmente pela China, tem movimentado um mercado que parecia estar, até então, quase extinto: o da compra de reservas minerais. Nos últimos anos, foram várias as aquisições no Estado, gerando negociações bilionárias.
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A última delas foi a compra da mina da Itaminas, localizada em Sarzedo, na região metropolitana de Belo Horizonte, por US$ 1,2 bilhão pelo consórcio chinês ECE – Birô de Exploração e Desenvolvimento Mineral do Leste da China.
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Há cerca de dois anos, a Usiminas adquiriu a J. Mendes, na Serra Azul, entre Itatiaiuçu e Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, por cerca de US$ 2 bilhões.
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E os grandes negócios não devem acabar por aí, pois a própria Usiminas e a CSN vêm sinalizando a intenção de adquirir novas unidades minerais. Também há rumores de que outro grupo chinês pretende comprar uma mina nas proximidades da Serra Azul. Mas será que está valendo a pena?
De acordo com Cyro Cunha Melo, ex-presidente da Samitri Mineração e especialista do setor mineral, o mercado está supervalorizado. Segundo ele, hoje o preço de uma mina está bem mais alto do que no passado. Ele cita como exemplo a venda da Samitri, em 2000, para a Vale por “apenas” R$ 536 milhões, um minério de boa qualidade e 17 bilhões de reservas. “Agora, a Itaminas foi vendida por US$ 1,2 bilhão, com uma reserva de 1,3 bilhão de toneladas. Os belgas que venderam a Samitri não devem acreditar nisso”, observa.
Segundo ele, o preço atual do minério está quase seis vezes maior se compar
do com o valor dez anos atrás e o mercado anda aquecido. “Em 2000, a tonelada era vendida por US$ 20 e agora está US$ 110. Já o consumo passou de 440 milhões por ano para 1,1 bilhão”, exemplifica. Gomes salienta que o que também tem impulsionado o mercado da compra de mina, sem dúvida, são as aquisições por parte das siderúrgicas, que, segundo ele, pretendem ter mais autonomia diante das mineradoras. “Cerca de 70% da comercialização mundial do minério está nas mãos de três mineradoras. É quase um monopólio”, disse.
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Mas Melo acredita que é preciso que as siderúrgicas tenham cautela em adquirir minas, pois, no Brasil, elas podem continuar a depender da Vale, mas de outra forma. “A Vale é responsável pelo transporte ferroviário e os principais portos do Brasil. Por isso, mesmo com sua mina, o grupo pode continuar refém da mineradora”, explica Melo, que acredita não valer a pena para o grupo chinês que comprou a Itaminas, por exemplo, construir uma ferrovia própria para fazer o transporte.
Saiba mais sobre minério de ferro
Produção
Brasil: 370 milhões/tonMundo: 2,2 bilhões/tonO Brasil tem 17%da produção mundial
Reservas atuais do BrasilMedida: 22,5 bilhões/tonIndicada: 10,2 bilhões/ton
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Destino das exportações brasileiras de primários de ferro:
China: 31%Japão: 11%Alemanha: 8,5%Itália: 4,89%França: 4,08%Coreia: 4%Argentina: 3%
O Tempo