Minério afasta crise
13/08/09
A recuperação da indústria da mineração, uma das mais afetadas pela crise mundial, começa a ser medida nas reservas. Os volumes das exportações de minério de ferro, produto tradicional na pauta de vendas externas de Minas Gerais, que detém 60% da produção brasileira, alcançaram no mês passado níveis muito próximos do período pré-crise econômica, conforme levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Foram 25,4 milhões de toneladas exportadas pelo país em julho, frente às 26,3 milhões de toneladas vendidas no mercado internacional em agosto do ano passado, portanto antes da turbulência nas bolsas de valores.
Outro indicador importante em Minas, a arrecadação dos royalties da mineração ? a Contribuição Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) ? mostra um ritmo de apuração de receita ainda bem abaixo do ano passado, mas que pode encerrar 2009 com um balanço superior ao de 2007, nas estimativas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico. De janeiro a julho, a parcela do tributo que cabe aos cofres do estado somou R$ 44,3 milhões, dos R$ 192,6 milhões arrecadados. Ao ritmo mensal dos primeiros sete meses do ano, a parte estadual da Cfem deverá alcançar R$ 75 milhões este ano, representando uma queda de 17% na comparação com 2008. Ainda assim, a cifra significará 27% de aumento quando comparada a de 2007.
Para o presidente do Ibram, Paulo Camillo Vargas Penna, o desempenho da produção do minério de ferro brasileiro nos últimos dois meses é prova de que a reação do setor não se explica apenas pela recomposição de estoques dos clientes no mundo. ?Os números mostram que são compras para dar sustentação à produção da indústria que usa o minério. Tanto isso é verdade, que a China detinha 30% do minério exportado antes da crise e hoje, supera metade do que o Brasil exporta?, afirma. O consumo na Europa e no Japão também começa a reagir.
Nos primeiros sete meses deste ano, a média mensal de exportações foi de 20,3 milhões de toneladas de minério de ferro, ante os 25 milhões entre janeiro e outubro do ano passado. ?Há volatilidade nesse mercado que se reflete na arrecadação da Cfem, mas a evolução dos números do setor traz recuperação substancial?, afirma Paulo Sério Machado, subsecretário de Desenvolvimento Mínero-Metalúrgico e Política Energética de Minas Gerais. A despeito dos efeitos da crise financeira, o governo estadual defende que a discussão de um novo marco regulatório do setor de petróleo e gás, com a exploração da camada pré-sal em águas superprofundas, sirva para uma revisão também das regras para a exploração mineral e de recursos hídricos.
Marta Vieira / Estado de Minas