Mineradora agora quer ingressar na area de fertilizantes
17/01/10
A Vale confirmou ontem, em comunicado ao mercado financeiro, que esta negociando a compra de ativos na área de fertilizantes pertencentes ao grupo Bunge no Brasil, numa transação comercial de ate US$ 3,8 bilhões (R$ 6,7 bilhões pelo câmbio de R$ 1,77, de sexta-feira). As negociações incluem a participação acionaria de 42,3% da Bunge na Fosfértil, maior produtora brasileira de matéria-prima para fertilizantes, com fabrica em Uberaba, no Triângulo Mineiro, e complexo de mineração em Tapira, no Alto Paranaíba. A mineradora nao informou sobre prazos para concretizar o negocio, mas a tendência e de que entre firme na proposta de compra, atendendo a um de seus objetivos estratégicos de diversificação, conforme admitiu recentemente.
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No ano passado, ja haviam circulado informações no mercado financeiro de que a Vale teria tentado adquirir a Mosaic, empresa de capital aberto produtora de fertilizantes e nutrientes para alimentação animal que resultou da união entre a Cargill Fertilizantes e a IMC Global. Os entendimentos, agora, com a Bunge, podem representar ganhos não só para a mineradora, mas também para o Brasil, na avaliacao de Patrick Correa, analista de mineração e siderurgia da Maxima Asset Management. “Isso vai depender do foco que a Vale dará ao negocio, se decidira por ser uma exportadora ou centrar esforços no mercado interno. Ai, o pais tem muito espaço para estimular o consumo”, afirma.
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Quem não tem dúvida de que a opção da Vale será o mercado interno e o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Vargas Penna. “A política da companhia (a Vale) sempre foi ter projetos com crescimento e dinamismo surpreendentes. Isso valeu para o minério de ferro, níquel e cobre”, afirma. O Ibram tem insistido junto ao governo federal na criação de uma política nacional de incentivo a produção de fertilizantes. A justificativa esta numa conta proveniente da importação de fertilizantes, incluídos insumos e produtos acabados, estimada em US$ 8 bilhões por ano. A cifra representa quase um terço do saldo da balança comercial brasileira.
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Embora o Brasil seja o sexto maior produtor mundial de fosfato (elemento químico básico de fertilizantes), e também o quarto no mundo em consumo de fertilizantes, atrás da China, Índia e dos Estados Unidos, nesta ordem. A necessidade que o pais tem de investir numa produção nacional, segundo Paulo Camillo, esta expressa na própria dependência do comércio com o exterior.
O Brasil importa 91% das suas necessidades de potássio e cerca de metade das de fosfato, dois dos principais insumos da indústria de fertilizantes. Ao mesmo tempo, e líder mundial na tributação sobre o potássio e ocupa a segunda posição do ranking das nações que mais tributam a exploração de fosfato, de acordo com o Ibram.
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Para o analista de mineração e siderurgia da SLW Corretora, Pedro Galdi, a companhia escolheu um caminho muito positivo de diversificação. “Para se tornar a empresa grande que a Vale quer ser no setor de fertilizantes, terá de comprar mais ativos, inclusive no exterior”, afirma. No portfólio de seus projetos, a mineradora destaca o desenvolvimento da produção de potássio em Carnalita, em Sergipe; Rio Colorado e Neuquen, na Argentina; Regina, no Canadá; e Bayovar, no Peru. A Fosfértil divulgou fato relevante na manhã de ontem, restringindo-se a contar que a alienação de ações, caso confirmada, não a obriga a realizar oferta publica de ações preferenciais de emissão da controladora Bunge Participações e Investimentos. A nota da Vale diz que as negociações compreendem minas de rocha fosfática e unidades de produção de fertilizantes intermediárias com base em fósforo (fosfatados) e nitrogênio (nitrato de amônio e ureia).
Estado de Minas