Mineração triplica fatia na produção industrial em Goiás
29/06/09
O crescimento acelerado da receita líquida e do valor da transformação da indústria goiana como um todo, como visto, não foi acompanhado pela geração de novos empregos, o que sugere crescimento concentrado em atividades de baixo nível de utilização de mão de obra, conforme a mais recente Pesquisa Industrial Anual (PIA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De fato, os números da pesquisa mostram uma mudança aparente no perfil da indústria no Estado, com ampliação da presença do setor de extração mineral e perda de substância para a indústria de transformação, considerada como o ?coração? da atividade industrial.Entre 2006 e 2007, o salto de quase 300% realizado pela indústria extrativa mineral triplicou sua participação no valor da transformação industrial, saindo de 3,29% para 11,23% ? atrás apenas da indústria de alimentos. Pela primeira vez, considerando-se uma série de dados mais recente, amineração;suplantou a indústria de produtos químicos, que tradicionalmente ocupava o posto de segundo maior pólo industrial do Estado, com participação ao redor de 9,8% no valor da transformação industrial.Se acrescida a participação da indústria de metalurgia básica, onde assume participação destacada a produção de ligas metálicas (nióbio, níquel e cobre), as atividades de extração mineral e de processamento de minérios já respondem por 20,73% do valor da transformação industrial goiana, diante de 10,95% em 2006.A partir de 2006, com a alta acelerada dos preços internacionais dos metais básicos, com destaque para níquel, cobre e ouro, as mineradoras desengavetaram projetos de investimento de porte mundial em Goiás, fazendo escalar a produção, com avanços também na agregação de valores, medida pela relação entre valor da transformação (ou seja, do resultado da produção, descontados custos de matérias-primas e da mão de obra) e valor bruto da produção industrial (que, por definição, soma todos os custos da operação industrial).Até 1997, o valor da transformação realizado pela;mineração;correspondia a 73,81% dos custos totais, sugerindo ampla capacidade de agregação de valores. Essa fatia desabou para 45,73% em 2005 e voltou a se recuperar nas duas edições mais recentes da pesquisa, saindo de 55,91% em 2006 para 73,39% no ano seguinte.A indústria de transformação, num comportamento ditado pelo tradicionalíssimo setor de alimentos e bebidas, vem trilhando caminho inverso, num sintoma de menor índice de industrialização e enfraquecimento dos elos da cadeia diante de uma suposta redução na capacidade de abastecimento interno, conforme o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A relação entre o valor da transformação industrial e seu valor bruto, nesta área, flutuou de 35,13% em 1997 para 36,53% em 2006, encolhendo para 33,69% em 2007.A indústria de alimentos, que representa 41% do pessoal ocupado pela indústria goiana como um todo, encolheu de 53,44% para 44,37% da atividade industrial como um todo. Mais do que isto, perdeu substância na sua capacidade de gerar valor agregado, já que o valor da transformação passou a representar apenas 28,33% do valor bruto da produção, frente a 32,48% em 2006.
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