Mineração recebe investimentos de US$ 57 bi até 2015
19/04/10
As dificuldades para perfurar grandes profundidades das minas e de logística para escoar a produção são fatores que contribuem para a mineração ser o setor privado que mais investe no país, segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo. A previsão de aportes é de US$ 51 bilhões entre 2010 e 2014, que deve ganhar US$ 6 bilhões a partir de 2011 até 2015, segundo o executivo.
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? O setor sentiu os impactos da crise mundial e reduziu os investimentos, mas com a retoma da economia a previsão é de aumento do aporte para melhorar a logística de transporte de minérios e para ampliar a capacidade de produção.
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No período de cinco anos a partir de 2008, o investimento previsto dos projetos de mineração era de US$ 57 bilhões, que recuou para US$ 47 de 2009 até 2013 devido à crise mundial. O presidente do Ibram explica que muitos recursos são aplicados em tecnologia para reduzir o tempo entre a descoberta do mineral e início da exploração. O período passou de dez anos para sete anos nos últimos 15 anos.
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? As empresas desenvolvem equipamentos e tecnologia para suprir as encomendas com preços competitivos e qualidade. Cada mina tem características únicas e por isso precisa de investimentos para extração.
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O segmento mineral nacional movimentou R$ 48 bilhões em 2009 e deve expandir-se 15% este ano. Antônio Lannes, gerente de dados econômicos do Ibram, destacou que a produção de minério de ferro de 300 milhões de toneladas em 2009, principal produto de exportação brasileiro, deve dobrar nos próximos cinco anos e ter investimentos de US$ 33 bilhões.
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Lannes explicou que o Brasil é o maior produtor do mundo de nióbio, metal usado para fazer ferros ligas para indústria aerospecial, e um dos maiores players mundiais de bauxita, usada na produção do alumínio. Ele destaca que o país também produz manganês, rochas ornamentais, níquel, cobre, ouro e caulim.
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? São mais de 5 mil minas no Brasil e a produção mineral cresceu muito a partir de 2000, puxada basicamente pelo desenvolvimento urbano de pontes, prédios e asfalto para a população da China ? ressalta Lannes.
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Mina de ouro
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A mina de ouro da AngloGold Ashanti, em Sabará (MG), atingiu 1.036 metros de profundidade cavados em rocha bruta em 2009, atingindo o nível do mar. A empresa já estuda estender do nível subterrâneo. Com o projeto, a capacidade de produção passou de 830 mil toneladas por ano para 1,3 milhão de tonelada/ano, elevando a vida útil de 2026 para 2029.
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Para garantir as condições dos trabalhares com o aprofundamento da mina, a empresa está desenvolvendo uma planta de refrigeração para aumentar a quantidade de ar. O investimento é de R$ 32 milhões, para combater problemas como as altas temperaturas, grande profundidades e a emissão de gases dos veículos que trafegam no interior da mina.
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? Duas refrigeradoras de 5 MW cada serão instaladas até 2019 para garantir a exploração da mina no nível 24 ? destaca o gerente de mineração da AngloGold, Silsomar Botelho.
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Aporte para suprir deficiência em transporte
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Desenvolver tecnologias para superar as distâncias e problemas de infraestrutura de transporte e projetos de preservação ambiental fazem parte dos investimentos de mineração. Para o presidente do Ibram, Paulo Camillo, o maior desafio do setor é a deficiência de logística nacional.
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? Não podemos decidir onde está a exploração, então é preciso investir para deslocar a produção até os mercados consumidores. E suprir a deficiência nacional de transporte e escoamento para o mercado internacional, no caso de portos ? explica Camillo.
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai liberar R$ 4,5 bilhões para o setor de mineração este ano, 75% do previsto para a indústria de base.
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A área de Logística da Vale vai investir em 2010 cerca de R$ 60 milhões no desenvolvimento e aplicação de tecnologias inovadoras de suas ferrovias de carga pesada ? as estradas de ferro Vitória a Minas (EFVM) e Carajás (EFC) ? e nos portos. Segundo o gerente ferroviário, Gustavo Mucci, a tecnologia é necessária para suportar o crescimento.
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Entre os projetos previstos, a Vale desenvolve um sistema de helper dinâmico, uma locomotiva que se acopla ao trem em movimento, para auxiliar as operações ferroviárias em aclives. ?Reduzimos em 5% o gasto com combustível que tínhamos no sistema anterior, no qual o trem com 42 mil toneladas de minérios era obrigado a parar para a junção do equipamento?.
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O grupo Imerys, líder mundial na produção de pigmentos brancos para papéis, principalmente caulim e carbonato de cálcio, desenvolveu tecnologia para dragar a bacia de depósitos de rejeito (caulim e areia) e prolongar a vida útil destas bacias.
Jornal do Brasil