Mineração movimenta mercado de trabalho
08/07/08
A atividade mineradora no Brasil lidera a lista de investimentos previstos no país até 2012. De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), as mineradoras brasileiras investirão US$ 47 bilhões nos próximos quatro anos, sendo que 59% serão destinados para a cadeia de minério de ferro, com atenção especial para a renovação da frota e maquinário. De olho nesses números, os promotores da Equipo Mining 2008, maior evento de demonstração de máquinas, de equipamentos e de tecnologia para mineração na América Latina, prevêem um bom volume de negócios durante o encontro que acontece de 19 a 22 de agosto, na Mina de Águas Claras, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Mais de 95% dos estandes estão comercializados.Pela primeira vez grandes empresas fornecedoras do segmento como a Evergreen, fabricante de pneu, a Liugong e a Sany, fabricantes chinesas de carregadeiras e escavadeiras e a alemã Liebherr, responsável por cerca de 70% do mercado nacional de equipamentos pesados, estarão presentes. Segundo o organizador do evento, Joseph Young, a previsão é que a feira movimente mais de R$ 250 milhões em negócios nos setores de mineração, construção, engenharia e montagem industrial.A grande atração é a demonstração de equipamentos e máquinas em condições reais, em uma mina desativada com mais de 100 mil metro quadrados ocupados, o que vai permitir ao público conhecer de perto as mais recentes tecnologias do setor.Caça a mão-de-obraO superaquecimento do mercado está provocando uma briga quente entre mineradoras e siderúrgicas por profissionais do setor. Para atender à demanda em ebulição, elas têm investido na construção de novas plantas, usinas de pelotização e até de minerodutos em Minas Gerais e no Brasil. O problema é que falta gente qualificada para trabalhar. E a solução adotada por algumas companhias tem sido “roubar” profissionais na porta do concorrente.Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Ferro e Metais Básicos (Metabase) de Mariana, que representa também empregados de Catas Altas, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Caeté, São Gonçalo do Rio Abaixo, Rio Piracicaba, João Monlevade e Bela Vista de Minas, pelo menos 20 trabalhadores, em pouco mais de três meses, já trocaram as empresas de origem pela concorrência. “Somente a MMX e a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) já conseguiram levar da Vale uns 15 funcionários”, afirma o presidente do sindicato, José Horta Mafra Costa.Daniel Dantas, gerente geral do Projeto Minas-Rio da MMX, que inclui duas minas e uma unidade de beneficiamento na Região de Conceição do Mato Dentro, além de um mineroduto que transportará o minério por 525 quilômetros, passando por 32 municípios mineiros e cariocas, reconhece que a falta de mão-de-obra qualificada é um empecilho. E admite que a mineradora tem ido buscar trabalhadores nas empresas concorrentes. “Atualmente, no Brasil, essa é a única forma de termos profissionais experientes na nossa equipe”, diz ele, ressaltando que engenheiros de minas e geólogos são os mais escassos.Para Dantas, a explicação para a caça aos bons profissionais passa pela ausência de atrativos na década de 90 e até após o ano 2000. “Naquela época, o número de formandos nos cursos específicos da área de mineração, como engenharia de minas e geologia, era muito baixo. Muitos alunos optavam por interromper o curso e seguir outras áreas mais promissoras, como financeira, bancária ou de ensino. Alguns optavam por abrir seu próprio negócio.Com o bom momento atual, o assédio deve ser intensificado. Somente o projeto Minas_Rio vai gerar cerca de 10 mil empregos durante as obras. Para o mineroduto, serão contratados em torno de 2 mil trabalhadores. E após a conclusão, apenas em Minas Gerais, mil trabalhadores terão a carteira de trabalho assinada.Paralelamente, segundo o gerente geral da MMX, a mineradora também vem investindo na especialização de quem já pertence ao quadro de funcionários. “Alguns de nossos profissionais fizeram curso na Austrália e freqüentemente visitam operações de mineração em países onde a atividade é tradicional, como Canadá, Estados Unidos e África do Sul”, conta.E como a contratação de trabalhadores que vivem próximos das operações faz parte dos planos, a mineradora assinou convênio com o Senai para oferecer cursos profissionalizantes na Região de Conceição do Mato Dentro, a partir do primeiro trimestre de 2009.
Fonte:Central Única dos Trabalhadores Em: 7/7/2008
RH Central