Mineração e siderurgia devem cair até 15% em 2009
19/06/09
A indústria da mineração e as usinas siderúrgicas já trabalham com a perspectiva de um balanço negativo de vendas e rentabilidade em 2009, apesar dos sinais de recuperação da produção industrial nos últimos meses, da possibilidade de renovação do acordo de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para os fabricantes de automóveis e da retomada das compras da China. Depois de um longo período de resultados positivos, de 2003 a 2008, este ano passou a ser considerado praticamente perdido para os dois setores de peso da economia mineira. Pedro Galdi, analista de mineração e siderurgia da SLW Corretora, estima em 15% de queda do comércio de aço no Brasil no fechamento de 2009, e não tem dúvidas de que as empresas precisarão de pelo menos dois anos para recuperar os níveis de lucratividade registrados antes da crise financeira mundial.
Embora se considere um otimista, José Luiz Amarante, diretor de marketing e vendas da AngloFerrous, diz que não há como prever o comportamento dos preços e nem mesmo o tempo de reação da demanda em países da Europa e no Japão, onde, aparentemente, a recuperação da economia virá em ritmo mais lento. A AngloFerrous é uma subsidiária da gigante da mineração Anglo American, criada a partir da aquisição de ativos do sistema Minas Rio, que pertenciam à MMX, do empresário Eike Batista. O processo recente de recuperação da indústria é, ainda, muito suave e está aquém do que a siderurgia idealiza, segundo Moacyr Pimenta Brant Filho, analista de marketing do grupo Usiminas. Os dois executivos participaram de debate e palestra de Pedro Galdi sobre os efeitos da crise na produção de minérios e aço, evento promovido pela Câmara Americana de Comércio na Fundação Dom Cabral (FDC).
?Só veremos melhora nas vendas durante o quarto trimestre deste ano, mas os volumes serão negativos e geração de caixa das empresas ficará bem mais reduzida frente a 2008. A situação de quem se endividou tende a ser difícil?, disse Galdi a uma platéia repleta de profissionais da mineração e da siderurgia e de fornecedores e prestadores de serviços. O problema central, na visão do analista, está numa espécie de congelamento das compras no mercado internacional e em estoques de aço altos.
Em dezembro do ano passado, no auge da crise, as empresas vinham trabalhando com produtos armazenados para cerca de quatro meses e meio, que agora baixaram para 75 dias, de acordo com o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). A média de estoques do setor, no entanto, não passou de um mês e meio nos últimos cinco anos. Brant, da Usiminas, afirmou que, mesmo com a reação das vendas, a procura pelos produtos siderúrgicos deve retomar em 2010 os níveis de 2001, afetado pelo apagão de energia brasileiro. ?Este ano, a nossa visão é de que o mercado está perdido.?
Para Amarante, da AngloFerrous, há dois fatores positivos nesse cenário: a redução da taxa básica de juros, aquela que remunera os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio, e a necessidade de investimentos em infraestrutura de nações como a Arábia Saudita, Irã, Egito e Indonésia.
Forno religado
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou na quinta-feira ter retomado a produção do alto-forno 2 da Usina Presidente Vargas, de Volta Rendonda (RJ), parado há 90 dias para reforma. Conforme comunicado da CSN, o religamento deverá gerar 400 empregos diretos nos próximos meses, em função do aumento da produção de ferro-gusa (matéria-prima da fabricação de aço) na fábrica. Frente à demanda reduzida de mercado, a empresa vai operar com 90% de sua capacidade produtiva na área da metalurgia.
Estado de Minas