Mineração desacelera expansão
23/10/08
Marta Vieira
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Para se ajustar ao enxugamento do crédito no mercado internacional e à esperada redução do consumo, diante de uma recessão nos Estados Unidos, a indústria da mineração deverá alongar os prazos de implantação de projetos no Brasil, orçados em US$ 57 bilhões deste ano até 2012, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O presidente da instituição, Paulo Camillo Vargas Penna, que retornou no domingo de uma agenda de compromissos em Londres, informou não haver até o momento nenhum cancelamento de expansões previstas por grandes empresas do setor. A dilatação dos cronogramas, no entanto, já é considerada, em conseqüência dos efeitos da crise financeira mundial. Do pacote de recursos estimado para os próximos quatro anos, US$ 17 bilhões, ou seja, cerca de 30%, são destinados a Minas Gerais. ?Não há, para a maioria dos minérios, estoques disponíveis no portos, portanto, persiste a situação que o setor já vivia de grande demanda e oferta apertada. Isso dá margem à manutenção de investimentos em ampliação de capacidade?, afirma Camillo Penna. O executivo acredita que serão necessários mais um a dois meses até que as empresas tenham uma visão mais clara dos possíveis reflexos da crise e do resultado das medidas de reação à turbulência nos bancos e na bolsas de valores. José Fernando Coura, presidente do Sindicato das Indústrias Extrativas de Minas (Sindiextra) concorda que ainda é cedo para as empresas avaliarem a extensão do impacto da crise, embora os estoques de minério tenham crescido em algumas mineradoras de médio porte que abastecem produtores de ferro-gusa (matéria-prima usada na fabricação de aço) e a indústria siderúrgica nacional. ?Se a queda da produção se tornar consistente, toda a cadeia do minério de ferro vai sentir?, afirma. No caso do minério de ferro, com abundante produção em Minas, existe a vantagem de um consumo mundial bem superior à oferta nos últimos anos. Camillo Penna, do Ibram, lembra que no caso do minério de ferro, os contratos de fornecimento tradicionalmente feitos por períodos longos, com negociações anuais de preços, permitem um cenário melhor de avaliação do mercado consumidor com um pouco de estabilidade. Isso vale para outros minerais como níquel e cobre, contrabalançando a forte desvalorização das commodities (produtos agrícolas e minerais com cotação no exterior) desde o começo de setembro. (MV)
Estado de Minas