Mina de Brumado vai triplicar para exportar
19/05/08
O presidente Ronaldo Iabrudi diz que os contratos estarão garantidos.
“Temos uma Carajás dentro de casa”, exagera o presidente da Magnesita, Ronaldo Iabrudi. A frase resume o entusiasmo do executivo e sua equipe com as perspectivas da mina de magnesita de Brumado, na Bahia. A GP comprou a Magnesita de olho no potencial de crescimento da fabricante no mercado doméstico e internacional. “Quando chegamos, só se falava em refratários, ninguém mencionava a mina”, lembra. Um pouco de tempo e estudo permitiram concluir que o grupo tem nas mãos outro negócio relevante.
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Os preços do sínter de magnésia explodiram nos últimos anos. A magnesita é o mineral usado para revestir fornos porque é quase impossível fundi-la. “Vai faltar sínter no mundo”, diz. No começo de 2007, a Magnesita vendia seu sínter do tipo M30, o mais puro possível (cerca de 97% de pureza), por US$ 350 a tonelada. Agora, o produto está a US$ 500. “A China tem abundância de sínter M10, menos puro, mas não consegue fazer o M30.” A mina de Brumado produz minério de alto teor, o que, na ponta, representa mais qualidade nos refratários e custos menores para os clientes.
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Está quase pronto um plano de negócios para triplicar a produção de Brumado, que está em 350 mil toneladas por ano. Entre 2009 e 2010, a primeira fase da expansão, que duplicará a extração, deverá estar pronta.
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Ao ritmo de exploração atual, a mina teria vida útil de 200 anos. Mas, segundo Iabrudi, essa estimativa diz respeito apenas às reservas perfuradas e comprovadas. “Só analisamos o equivalente a um risco feito a unha na areia de Copacabana”, compara.
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A idéia é exportar todo o excedente. “Os concorrentes nos procuram para fazer contratos de longo prazo e explorar a mina conjuntamente”, diz Iabrudi.
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Ele conta que, na primeira vez em que levou ao conselho o plano que considera conservador de dobrar a produção da mina, houve espanto. Mas a desconfiança começou a ceder com a informação de que a produção extra estará previamente contratada no modelo “take or pay”. Ou seja, ficando ou não com o minério, os compradores pagarão.
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Segundo Iabrudi, a expansão não demanda investimentos pesados, porque já há infra-estrutura de água, energia e logística. É preciso construir novos fornos para transformar o minério em sínter e adquirir locomotivas e vagões. A Ferrovia Centro-Atlântica, que ele coincidentemente já presidiu, é vizinha à mina e seu traçado vai até o porto de Aratu (BA), onde a Magnesita já tem um terminal. Cada forno, com capacidade para 60 a 80 mil toneladas/ano representará uma receita líquida anual de US$ 32 milhões. (VA)