MG X PA: locomotivas da mineração brasileira
10/09/07
IBRAM Pará e Minas Gerais são líderes do setor no País e respondem por 66% da produção Os dois estados ocupam posição de destaque no cenário da produção mineral brasileira. Enquanto Minas Gerais é líder em produção de minério de ferro, o Pará é o maior em bauxita do País Os líderes em produção mineral brasileira são os Estados de Minas Gerais e do Pará, com 44 % e 22%, respectivamente. Tais posições de destaque são resultados de localização geográfica estratégica, grandes reservas e logística favorável. Os dados são do Anuário Mineral Brasileiro – AMB, mais recente (2006) do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). As expectativas do setor, como também a atual participação da atividade e as perspectivas futuras no mercado global serão discutidas no 12º Congresso Brasileiro de Mineração, em Belo Horizonte (MG) – promovido pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) -, entre os dias 24 e 27 deste mês, simultaneamente à Exposição Internacional de Mineração – Exposibram 2007. Exemplos comprovam a hegemonia. Em relação ao valor de produção, Minas Gerais fechou 2006, com quase R$ 14 bilhões; e o Pará, próximo a R$ 7 bilhões, traduzindo um crescimento de 20% em relação ao R$ 5,8 bilhões do ano anterior. Segundo cálculos do Ibram, a tendência é que este resultado paraense dobre em três anos e atinja a casa do R$ 14, 2 bilhões. O presidente do Ibram, Paulo Camillo Penna, acredita que o atual crescimento do setor se manterá nos dois Estados líderes, como também no resto do País. Ele cita como exemplo as cotações do níquel que saíram de US$ 8 mil por tonelada há cinco anos para o nível atual de US$ 35 mil. `A partir de 2008, temos a expectativa que a produção brasileira deste metal triplique`, afirmou. MINERAIS Atualmente, de acordo com a AMB – 2006, Minas Gerais é grande produtor de vários bens minerais (R$ 13,9 bilhões), com destaque para: minério de ferro (198 milhões de toneladas: R$ 11,4 bilhões), ouro (14,8 toneladas: R$ 522 milhões), fosfato (871 mil toneladas: R$277 milhões), calcário (23 milhões de toneladas: R$ 251 milhões). Já o Pará (R$ 6,9 bilhões), embora não com variedade que é característica de Minas Gerais é também importante produtor. Notadamente, o minério de ferro (77 milhões de toneladas: R$ 4 bilhões), bauxita (18 milhões de toneladas: R$ 1 bilhão), cobre (1,4 milhão de toneladas: R$ 443 milhões) e manganês (2,2 milhões de toneladas: R$ 380 milhões). O Pará é o líder em produção de cobre do Brasil, com 76%. Paulo Camillo revelou que o Brasil será auto-suficiente de cobre até 2010. As perspectivas bastante otimistas são resultado do início das operações da mina de Salobo (Companhia Vale do Rio Doce), situada no município de Marabá – PA.O Estado paraense também é o maior produtor de bauxita (matéria-prima do alumínio) do País, representando 85% das operações. Este resultado extraordinário deve-se a Mineração Rio do Norte – localizada no complexo mínero-industrial de Porto Trombetas, no município de Oriximiná, no Pará -, que é uma das maiores operações de bauxita do mundo e a primeira do Brasil. Em 2006, a empresa fechou o ano com produção de 17,8 milhões de toneladas de bauxita. Já em relação ao minério de ferro, Minas Gerais é a campeã com 71% da produção nacional contra 27% do Pará. O Brasil é o segundo maior produtor de minério de ferro do mundo, somando 322 milhões de toneladas em 2006, representando 18,81% da produção mundial de 1.712 milhões. Fica atrás apenas da China que tem produção de 520 milhões. O terceiro neste ranking é a Austrália, com 270 milhões de toneladas. Para Paulo Camillo, o crescimento brasileiro acelerado de minério de ferro permanecerá até 2015. Valor das expotações minerais aumentou 39 vezes entre 1990 e 2005 De acordo com dados do Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex- Sistema Alice), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o valor exportado pela indústria extrativa mineral paraense aumentou quase 39 vezes, entre 1990 e 2005, passando de US$ 814 milhões para US$ 2,3 bilhões; e o valor da indústria de transformação se multiplicou em cinco vezes – saltou de US$ 333 milhões para US$ 1,6 bilhão. O levantamento do Centro Internacional de Negócios, da Federação das Indústrias do Estado do Pará, mostra que um dos destaques na pauta de exportação de minerais é a alumina (produto intermediário entre a bauxita e o alumínio), produzida pela Alunorte, em Barcarena. Enquanto em 2005, a empresa exportou US$ 422 milhões, no ano passado, a comercialização do produto chegou a US$ 922 milhões, um aumento de 118%. Outros bens minerais que apresentaram crescimento nas exportações foram cobre (71%), alumínio (49%) e ferro-gusa (36%). Dados da Federação de Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) revelam a indústria extrativa mineral (mineração e metalurgia) do Estado quase triplicou a exportação de 2005 para 2007, saltando de US$ 3,5 bilhões para US$ 8,4 bilhões. Os resultados mostram que aumentou a demanda do minério de ferro (de US$ 2,8 bilhões para US$ 3,6 bilhões), bauxita (US$ 43 milhões para US$ 49,2 milhões), nióbio (US$ 34 milhões para US$ 37 milhões), prata (US$ 2,3 milhões para US$ 4,4 milhões), níquel bruto (US$ 71 milhões para US$ 94 milhões), zinco bruto (US$ 95 milhões para US$ 215 milhões, estanho (US$ 108 mil para US$ 388 mil) e alumínio (US$ 24 milhões para US$ 34 milhões). Os investimentos em extração mineral em Minas Gerais em 2007 e 2008 serão de R$ 5,9 bilhões contra R$ 3,9 bilhões, em 2006. O setor de extração mineral, por causa da crescente demanda por minério de ferro, foi um dos que mais contribuiu para o crescimento das indústrias minerais, com 8,5%, ficando atrás apenas do setor de veículos automotores (10%).INVESTIMENTO ?O volume de investimento previsto para os próximos quatro anos não tem precedente na história brasileira e está relacionado com o bom ritmo da economia mundial, com demanda forte dos países asiáticos, da Alemanha e dos Estados Unidos, que continuam crescendo?, diz Paulo Camillo. A maior parte dos recursos é destinada às chamadas províncias minerais já tradicionais do País, localizadas principalmente em Goiás, Bahia, Minas Gerais e Pará. O principal mineral em exploração hoje no País ainda é o minério de ferro, mas a economia mineral se expandiu e se diversificou. Níquel, bauxita, manganês, cobre, zinco e caulim são alguns dos minerais que despertam mais interesse atualmente. PESQUISA O investimento em pesquisa mineral retornou ao País e com novas empresas denominadas `juniors` com forte atuação, principalmente na Amazônia. Os últimos levantamentos do IBRAM mostram que o Brasil multiplicou por quase quatro vezes o investimento em pesquisa mineral. Em 2003, por exemplo, foram investidos US$ 88 milhões. A partir de 2004, com o aquecimento da economia mundial, os aportes para abertura de fronteiras de pesquisa mineral cresceram substancialmente e atingiram US$ 200 milhões. Neste ano, a previsão é que as empresas invistam US$ 350 milhões.
O Liberal – PA