Metais raros do Afeganistão
17/06/10
O que é o Afeganistão? Um país orgulhoso, corajoso, devastado, vítima eterna das grandes potências que, desde Alexandre, o Grande, no século 4.º a. C., até Leonid Brejnev, George W. Bush e Barack Obama, tentam invadi-lo, sem sucesso, mas com crueldade e destruição.
Mas não! O Afeganistão não é somente um eterno mártir da História. Os engenheiros americanos, que vasculham suas montanhas descobriram que, nesse país em farrapos e sangue, há uma outra coisa: um tesouro fabuloso.
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Sob as montanhas onde militantes do Taleban e soldados da Otan se matam, existe um tesouro. Ali, escondidos no subsolo, há metais em quantidades ilimitadas: cobre, cobalto, ouro, lítio.
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Uma fortuna oculta avaliada em US$ 1 trilhão que pode fazer desse país, hoje o “mendigo do mundo” um dos seus nababos, uma Arábia Saudita onde o petróleo seria substituído por minério raro. É um bem ou um mal? Os afegãos estão divididos. Alguns se vangloriam, já se vendo solicitados por todos os grandes deste mundo; outros, mais experientes, se alarmam: “Até agora os grandes países têm se batido em torno da nossa pobreza. Agora vão se matar pelos nossos tesouros.”
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Essa cobiça e a violência que ela anuncia indica que um novo personagem entrou no jogo político-econômico: os metais. Claro que o petróleo conserva seu lugar proeminente. Mas em torno dele, novos atores entram em cena e sua entrada é estrondosa: os metais raros.
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Entre eles, os considerados “críticos”, que têm um papel crucial nos produtos de última geração, como carros elétricos, lâmpadas de diodo, semicondutores, telas planas, equipamentos óticos, reatores nucleares, imãs, etc.
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Esse assunto tem preocupado a Europa, que acabou de concluir um estudo sobre o “Estado do Planeta” no que diz respeito a esses metais raros e indispensáveis: 14 deles têm nomes familiares, mas suas propriedades são misteriosas para o comum dos mortais: berilo, cobalto, índio, germânio, nióbio, tântalo, terras raras, platina, tungstênio, minério de flúor, gálio, etc.
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São metais raros na Europa, o que ameaça o continente de estrangulamento industrial, não só por serem escassos, mas sobretudo porque os países produtores aproveitam para impor suas condições.
Podemos imaginar facilmente que esses metais raros a partir de agora serão objeto de uma luta feroz entre os grandes grupos e os grandes países. Uma luta que vai ser travada nas sombras e no silêncio, e poderá render, no futuro, vários episódios literários ou cinematográficos de um novo James Bond.
Agência Estado