Mercado favorece inversões em ouro Mercado do metal está valorizado
27/09/10
Minas Gerais deverá receber a maior parte das inversões de US$2,140 bilhões para ampliar a extração de ouro no país até 2014
Minas Gerais é um dos que tem sido mais beneficiados em virtude dos sucessivos recordes atingidos pelo preço do ouro. O Estado, uma das maiores províncias auríficas do planeta, respondendo atualmente por 60% de toda a produção e 50% da exportação nacional, deve superar, com mais de um mês de antecedência, a marca de 26 toneladas exportadas em 2009, cerca de US$ 750 milhões do total nacional de US$ 1,3 bilhão.
No acumulado do ano de janeiro a agosto, Minas já exportou 20 toneladas de metal. A fatia equivale a aproximadamente US$ 746,52 milhões, contra US$ 489,55 milhões obtidos no mesmo período do ano passado, alta de mais de 52%, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
Na última sexta-feira, o valor pago pela onça (28,34 gramas) do metal no mercado internacional superou, pela primeira vez, a casa dos US$ 1,3 mil na London Bullion Market, mercado a varejo da capital britânica que serve de referência mundial. Com relação a setembro de 2009, quando a onça do ouro valia US$ 1.009,10, a valorização já chega a 25%.
“O ouro é um dos instrumentos mais seguros para os investidores. Além do uso industrial e na fabricação de joias, proporciona garantia aos stakeholders, sendo fundamentais para a confiança geral na economia. Por isso, em épocas de instabilidade, o metal fica supervalorizado”, esclareceu José Mendo Mizael de Souza, presidente da Associação Brasileira para o Progresso do Minério.
Em 2008, no período pré-crise econômica mundial, o país comercializou no mercado internacional 37 toneladas, o equivalente a US$ 606 milhões. Com a desestabilidade financeira causada pela crise, as exportações do metal de refúgio dos investidores chegaram a 45 toneladas, atingindo US$ 1,3 bilhão.
Em termos de volume, o aumento foi de 21,6%. Com relação aos valores, a expansão alcançou 114% em 2009 frente a 2008. “O ouro é, hoje, o segundo mais importante minério de exportação do país, só perdendo para o de ferro”, afirmou Paulo Camillo Penna, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
A AngloGold Ashanti Brasil Mineração acelerou o desenvolvimento de novos projetos em Minas Gerais
Expansão – Com relação à produção, houve incremento de 5% em 2009 na comparação com 2008. Há dois anos, o país produziu 54 toneladas contra 57 toneladas no ano passado, sendo que, deste montante, Minas Gerais é responsável pela extração de 34 toneladas.
O Brasil é o nono país em produção mundial. Os oito primeiros são: Austrália, África do Sul, China, Estados Unidos, Peru, Rússia, Indonésia e Canadá. Conforme Penna, a projeção é de investimento de US$ 2,140 bilhões para o setor de mineração de ouro entre 2010 e 2014. Sem informar números, o presidente do Ibram garantiu que Minas Gerais deverá ficar com a maior parte dos aportes.
“O objetivo é conseguir acrescentar à produção atual mais 45 toneladas, ou seja, em cinco anos, quase dobrar o número que alcançamos hoje no país. Queremos chegar a produzir 102 toneladas de ouro por ano, o que colocará o Brasil na posição do ranking ocupada pela Indonésia”, disse.
Para atingir a marca, Penna defende que sejam criadas políticas de fomento à pesquisa. “Apenas em 20% do território nacional foi feito um levantamento geológico. Isso significa que o potencial nacional é muito grande. O país investe somente 3% (US$ 240 milhões) do orçamento mundial de pesquisa geológica, que é de US$ 7,2 bilhões. O Peru, que tem área quase 10 vezes menor, aporta 7% e o Chile, também um país pequeno em extensão, 5%. Já o Canadá, que tem tamanho equivalente, utiliza 19% deste orçamento e Austrália, que também possui um territóro grande, investe 16%. Temos que ampliar este percentual”, comparou.
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Crédito – Ele destacou ainda que não há opções de crédito que incentivem a produção, tais como títulos minerários como garantia real bancária, aplicações na bolsa de valores e estratégias articuladas pela Receita Federal e no pagamento de outros tributos.
“Estamos percebendo que a tendência é de permanência da valorização crescente do metal nos próximos anos. A economia internacional ainda não se recuperou e os investidores continuarão a apostar no ouro como garantia. A época ideal para investir na produção brasileira”, observou o diretor-presidente do Ibram.
Diante deste cenário, a AngloGold Ashanti Brasil Mineração Ltda acelerou o desenvolvimento de novos projetos no Estado. A Mina Lamego, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que deveria iniciar os trabalhos apenas em dezembro, já está em operação.
A capacidade de produção atual é de 33 mil onças por ano. “Mas o projeto ainda não está concluído. Esperamos atingir 47 mil onças/ano a partir de 2011”, informou o diretor financeiro, Agostinho Tibério Marques. O empreendimento irá processar 290 mil toneladas de minério anualmente.
Os investimentos na jazida de ouro totalizarão US$ 41 milhões. Além deste projeto, a empresa subsidiária da sul-africana AngloGold Ashanti Limited mantém aportes da ordem de US$ 330 milhões nos projetos Córrego do Sítio e Córrego do Sítio II, em Santa Bárbara, na região Central do Estado.
Em Córrego do Sítio, a mina subterrânea está em fase de desenvolvimento e a empresa terminou os estudos de viabilidade do projeto, que passa pela aprovação da matriz. O plano contempla investimentos da ordem de US$ 147 milhões nos próximos três anos.
Inversões – No exercício passado, os investimentos no projeto de Córrego do Sítio totalizaram US$ 26 milhões. Os recursos minerais são da ordem de 2,2 milhões de onças, sendo 1 milhão de onças de recursos lavráveis. Já a segunda etapa (Córrego do Sítio II), antiga São Bento Mineração, está em fase de pesquisa mineral. A capacidade nas minas em Santa Bárbara deverá ser duplicada e passará de 90 mil onças para 180 mil onças/ano.
A empresa também conta com a mina Cuiabá, em Sabará, e operações em Nova Lima, na RMBH. Além disso, possui ativos em Goiás, na mina Serra Grande, onde é controladora de 50% do capital. A outra metade está nas mãos da Kinross Gold Corporation. Conforme a mineradora, foram investidos nas regiões em que opera, US$ 15 milhões. Para 2010, estão previstos inversões da ordem de US$ 28 milhões em pesquisa mineral e trabalhos de exploração em outras regiões, como o Quadrilátero Ferrífero.
Diario do Comércio