Mercado Aberto – Folha de SP: Custo da energia impede investimentos
12/01/07
Em reunião ontem com Silas Rondeau (Minas e Energia), um grupo de grandes empresários pesos pesados afirmou que será inviável investir no país com o atual custo de energia.
Participaram Jorge Gerdau Johannpeter (Gerdau), José Carlos Grubisich (Braskem), Eleazar de Carvalho (BHP Billiton), Domingos Bulus (White Martins), José Roberto Giro (Dow), Franklin Lee Feder (Alcoa), José Ribamar Chehebe (Vale), Joaquín Salazar (Villares) e Mário Cilento, da Abrace (consumidores de energia).
Os empresários apresentaram um estudo detalhado mostrando que a política do governo nesses quatro anos fez com que o preço da energia subisse três vezes acima da inflação.
O grupo reclamou muito da política do governo para o setor. Até 2003, a tarifa industrial era basicamente subsidiada pela residencial. No governo Lula, a situação se inverteu. Nesses quatro anos, a tarifa industrial tem subido em média de 20% a 30% ao ano, enquanto a residencial, apenas 5%.
A excessiva carga tributária que recai sobre o preço da energia também foi motivo de queixa. O grupo levou diversos exemplos mostrando que os impostos que incidem sobre as tarifas de energia afetam a competitividade do investimento do Brasil.
Uma cooperativa no Sul, por exemplo, gastou, em impostos que recaem sobre a tarifa de energia, 39% do total que investiu na construção de uma planta industrial. Ou seja, antes mesmo de a unidade começar a produzir, quase 40% do investimento já foi consumido com imposto sobre o preço da energia. O exemplo retrata, segundo os empresários, a perda de competitividade do Brasil em relação a outros países, que não cobram tantos impostos.
Os empresários também reivindicaram a opção hídrica, que é a mais barata. Nos leilões de energia, no entanto, mais de 50% da energia oferecida tem sido de termelétrica, que depende de gás.Ficou acertada, na reunião, a constituição de um grupo de trabalho com representantes do governo e da Abrace, para discutir medidas que minimizem o custo da energia. A primeira reunião acontece na semana que vem.
Folha de São Paulo