Mão-de-obra está escassa
28/04/08
O desempenho da indústria este ano dá sinais de que as empresas têm condições de repetir os bons resultados, mas há dúvidas sobre os rumos da economia. Se de um lado existem grandes investimentos em andamento no estado, há setores que enfrentam um período de recuperação, lembra Robson Andrade, a exemplo da cadeia de produção têxtil e de calçados. Os fabricantes de bens de capital (máquinas e equipamentos) saíram de uma forte crise, voltaram a crescer, mas esbarram no esfriamento das encomendas desde março.Segundo Petrônio Machado Zica, presidente da Delp Engenharia e do Sindicato da Indústria Mecânica de Minas, depois de um recesso forçado, que comprometeu as vendas durante duas décadas, o setor se beneficia do crescimento dos últimos dois anos. `Boa parte da diminuição recente das encomendas é conseqüência do aumento das importações. No Brasil, apesar dos novos investimentos, há uma zona cinzenta causada pelo aumento da taxa de juros`, afirma o empresário.encomendas. As fábricas de máquinas e equipamentos para a indústria trabalham com encomendas que garantem o ritmo de produção por mais seis meses, em média, e há dois anos e meio não param de contratar mão-de-obra. `Falta gente especializada e, tanto os fabricantes quanto os fornecedores de insumos estão investindo em treinamento, algo não se via há décadas no setor`, afirma Zica. A maior parte dos contratos que alimentam a indústria mecânica tem sido firmada com clientes dos ramos petroquímico e de mineração.Na Fiat Automóveis, 3 mil trabalhadores foram contratados para a fábrica de Betim, no primeiro semestre de 2007, para dar conta do aumento das vendas. A montadora italiana retomou o terceiro turno de produção em fevereiro do ano passado, numa estratégia de se antecipar à forte procura do consumidor que implicou, ainda, redução das férias coletivas, decisão acompanhada pelos fornecedores de peças e componentes. De março do ano passado a fevereiro, a Fiat produziu 746 mil veículos, ritmo 29,3% superior aos 12 meses anteriores. O desempenho foi melhor que a média dos fabricantes brasileiros de automóveis e comerciais leves, que produziram 2,88 milhões de unidades, 27,6% a mais na comparação com o período imediatamente anterior.A produção da Refrigerantes Minas Gerais (Remil) subiu a 500 milhões de litros ano passado, um acréscimo de 12% frente a 2006 e o número total de empregados aumentou de 2.989 para 3.256. Este ano, o número de vagas alcançou 3,3 mil postos, com aquecimento especial do emprego nas áreas comercial e de logística. Rodrigo Campos, diretor da empresa, aposta em manutenção do crescimento este ano, talvez em nível um pouco inferior, com o encarecimento do crédito em função dos juros maiores e as possíveis conseqüências da crise externa.
Jornal do Commércio – RJ