17/10/07

Segundo o IBGE, em agosto, o emprego industrial apresentou variação positiva de 0,2% em relação ao mês anterior, na série ajustada sazonalmente, de 2,2% em relação a igual mês do ano anterior e de 1,56% nos oito primeiros meses do ano. Se esse crescimento tem sido contínuo, como mostra melhor a média móvel trimestral, ainda está longe de ser satisfatório e longe de corresponder ao que se podia esperar, dado o crescimento de 5,3% da indústria de transformação de janeiro a agosto. A diferença entre crescimento do emprego e da produção, bastante grande, tem diversas explicações, entre outras, a de que os setores que normalmente absorvem maior contingente de mão-de-obra – vestuário, madeira, calçados – são os que apresentam crescimento negativo de, respectivamente, 4,8%, 5,9% e 6,5% e entre eles se deve acrescentar o de fumo. Examinando a produção no mesmo período, são exatamente os que apresentaram piores resultados. Não há dúvida de que essa evolução reflete o problema da taxa cambial ao qual se acrescenta o da competição da China. A taxa cambial teve um outro efeito, este benéfico, pois permitiu aumentar as importações de máquinas e equipamentos, que se traduziu por uma melhora da produtividade, que reduz a necessidade de pessoal ocupado, medida pela relação entre volume de bens produzidos e número de horas pagas. Houve crescimento de 3,9% da produtividade neste ano e isso explica por que o setor têxtil, por exemplo, conseguiu crescer em volume produzido mais do que em emprego. Mas, naturalmente, os investimentos se dirigiram para os setores que sentem maior pressão da demanda: combustíveis (petróleo e derivados da cana-de-açúcar), meios de transporte (veículos e material ferroviário), máquinas e equipamentos, aparelhos eletrônicos e de comunicação. São setores que atraem a maior parte dos investimentos, mas onde a economia de mão-de-obra é maior. A médio prazo, na hipótese mais otimista, a expansão do emprego deverá ser restringida por um outro fator: a dificuldade com que se depara a indústria de encontrar mão-de-obra qualificada para operar equipamentos mais sofisticados e mais produtivos. O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, aponta esse problema que vai aparecendo em outros setores. O crescimento da economia exige planejamento da formação de mão-de-obra qualificada

O Estado de S.Paulo