Lucro despenca e Vale é das mais afetadas pela crise global
31/07/09
Especialistas já esperavam desempenho fraco da Vale no trimestre, mas não na dimensão apresentada. A mineradora informou ontem lucro líquido de R$ 1,466 bilhão no segundo trimestre deste ano. O montante é 81,5% menor em relação ao segundo trimestre de 2008, quando foi de R$ 7,906 bilhões.
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Outro fator que gerou surpresa foi o resultado financeiro. Segundo Pedro Galdi, da corretora SLW, a expectativa era que a companhia obtivesse um ganho com a receita financeira gerado pela valorização do real. Isso porque 97% da sua dívida é atrelada ao dólar, que perdeu valor. Ou seja, o custo de sua dívida também deveria recuar.
Não foi o que ocorreu. A receita financeira caiu R$ 86 milhões do primeiro para o segundo trimestre deste ano.
Galdi afirma, porém, que a Vale mantém uma posição de caixa confortável, não precisou vender ativos como as demais mineradoras e tem um endividamento relativamente baixo.
O analista espera resultado melhor no terceiro e no quarto trimestres, embora com vendas aquém do período pré- crise.
Exportadora de 85% de sua produção, a Vale foi uma das empresas brasileiras mais atingidas pela crise global, que abalou especialmente o setor siderúrgico, seu maior cliente.
Na esteira de um corte de produção de aço de até 50% logo após o agravamento da crise no final de 2008, a Vale reduziu a extração de minério de ferro em 10% e paralisou cinco minas e quatro unidades de pelotização –que agregam o minério fino em pelotas. Uma mina e uma pelotizadora já voltaram a operar neste mês.
A companhia demitiu ainda 1.300 empregados no final de 2008 e colocou 5.500 em férias coletivas -a maior parte já voltou ao trabalho. No começo deste ano, fechou com os sindicatos um acordo de estabilidade de emprego que acabou em maio. Em junho e julho, demitiu 600 empregados -segundo a companhia, foram demissões de rotina ou de aposentados.A Vale também diminuiu seu plano de investimento de US$ 14 bilhões para US$ 11 bilhões.
Folha Online