London Mining no foco das mineradoras
27/07/07
Belo Horizonte, 27 de Julho de 2007 – Vale pode ter fechado compra de jazida da empresa no Brasil por US$ 300 milhões. Mal se completaram dois meses que a mineradora inglesa London Mining adquiriu, pelo valor estimado pelo mercado em US$ 70 milhões, a empresa Minas Itatiaiuçu, localizada a 65 quilômetros ao Sul da capital mineira, ela própria passou a ser assediada por propostas ainda maiores para se retirar do negócio. O diretor-geral da mineradora no Brasil, Luciano Ramos, confirmou a este jornal que foi procurado por um grande grupo nacional, mas a oferta foi recusada, e esclareceu que na reunião que teve com dirigentes da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), realizada dias antes, apenas tratou de assuntos de interesse comum das duas empresas. `A empresa não está à venda`, disse. Sua declaração foi confrontada ontem por categorizada fonte do setor mineral de Minas Gerais, que teria recebido de um dirigente da Vale a informação de que a companhia brasileira efetivamente comprou aquela mina da sua concorrente inglesa por US$ 300 milhões à vista. A operação representaria uma valorização de 328% do ativo em menos de dois meses, mas poderia ser justificada pela intensificação da busca por jazidas na região, pela reservas da mina em questão, de cerca de 240 milhões de toneladas de minério de ferro, o que permitiria a um investidor ampliar a produção anual da mina dos 600 mil toneladas atuais para cerca de 3 milhões por ano. Após ser questionada por este jornal, a London Mining divulgou um comunicado em que nega categoricamente que esteja negociando a venda de sua subsidiária Minas Itatiaiuçu para a Vale. `A companhia acredita que os boatos referentes à venda da Minas Itatiaiuçu estejam partindo de interessados em atrapalhar as negociações da mineradora com novos clientes, bem como com parceiros com os quais está negociando a formação de um consórcio para a disputa da licitação do Porto de Itaguaí (RJ)`, declarou. No últimos anos, a Vale adquiriu as principais mineradoras localizadas em Minas Gerais e, em decorrência, detém mais de 80% da produção de minério de ferro extraída no estado, mas não confirmou o negócio. Segundo Ramos, a London Mining foi fundada em Londres há dois anos com recursos dos fundos de investimento RAB Capital, Altima Partners e Benbrack Charkit e nesse período adquiriu duas minas desativadas, uma em Serra Leoa e outra na Groenlândia. Minas Gerais, porém, foi escolhida para receber o primeiro projeto efetivo de exploração mineral, no qual pretende investir US$ 130 milhões nos próximos 12 meses. A empresa apareceu pela primeira vez na imprensa nacional no início de maio, quando anunciou a compra da Mina Itatiaiuçu, que pertencia aos herdeiros do industrial Carlos Faria Tavares e que apresenta a produção modesta de 600 mil toneladas anuais de minério de ferro. Na ocasião, Ramos, que trabalhou por 23 anos na Vale, não revelou o valor da compra mas anunciou que pretendia aumentar em 600% a produção da mina o mais rápido possível. Se confirmada, a transação teria de ser informada por fato relevante, já que a Vale tem ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A negociação intensificaria um vertiginoso mercado de compra e venda de jazidas localizadas no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, que está próximo a Belo Horizonte e se constitui na maior província mineral do mundo. O interesse decorre dos crescentes pedidos por parte de importadores chineses, que não reduziram suas encomendas nem mesmo com o enorme aumento do preço da tonelada de minério de ferro, que passou de US$ 15, no início da década, para os US$ 47 atuais. Agora em 2007 deverão ser extraídas 250 milhões de toneladas de minério de ferro no estado. Apesar da possível compra representar uma concentração das jazidas em mãos de um número reduzido de empresas mineradoras, o industrial Fernando Coura, presidente do Sindicato da Industrial Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra), mostra-se satisfeito com a possível aquisição da London Mining por parte da Vale. O dirigente está convencido de que, ao incorporar, no passado, um grande número de mineradoras, muitas das quais estrangeiras, a Vale valorizou o minério de ferro no mercado internacional e evitou a destruição das empresas nacionais. `Temos de elogiar a coragem e a determinação de Roger Agnelli, pois as suas iniciativas forma fundamentais para quem permaneceu no mercado`, declarou.
Gazeta Mercantil