Jazida encoberta por açude divide população de Butiá
20/06/07
O açude que abastece Butiá é o centro de uma polêmica que está dividindo a população. Sob o Açude Grande, está uma jazida de carvão estimada em 37 milhões de toneladas que a Copelmi Mineração tem interesse em explorar. A discussão envolve a transferência do ponto de captação de água na cidade e os benefícios e malefícios que a decisão pode causar. Neste domingo, os 15.705 eleitores do município podem ir às urnas para opinar contra ou a favor da extração de carvão na área do Açude Grande. A consulta popular foi proposta pela Câmara de Vereadores antes da votação do projeto 2.549 para alterar a Lei Municipal 1.022/1992, que disciplina o uso do solo dos mananciais e reservatórios de água. A legislação proíbe a exploração no açude, considerado área de preservação. De um lado, estão os interesses da mineradora, que precisa da jazida sob o lago para continuar a exploração no município. Em apoio à empresa, estão os empregados da categoria que prezam pela manutenção de seus empregos e pela abertura de novas vagas. Hoje, a empresa gera 350 empregos diretos e com a ampliação deve abrir mais 280. Mineradora afirma que morador não corre risco Do outro lado, está a população ribeirinha, que teme prejuízos à saúde (por causa da poeira) e às suas casas (devido às explosões). O mineiro aposentado José Luiz Lino de Souza, 61 anos, que mora a 60 metros do lago, teme perder a casa onde vive com a mulher e o filho: – Não sou contra a mineração, fui mineiro mais de 12 anos. Mas sou favorável à indenização de todos os que moram nas áreas próximas. Carlos Weinschenck de Faria, diretor superintendente da Copelmi Mineração, diz que não há riscos à população e que as desapropriações devem atingir pouco mais de 12 residências. Segundo os geólogos da empresa, a exploração na Mina de Butiá Leste está chegando ao limite: – Se a obra não for autorizada, além de não ampliarmos os negócios aqui, fecharemos postos. Em contrapartida à liberação, a mineradora arcará com as despesas da transferência do abastecimento da cidade para o Açude Charrua – outra antiga jazida transformada em lago dentro da área da Copelmi. A empresa estima investir R$ 1 milhão para erguer estruturas que interligarão o açude à estação da Companhia Riograndense de Saneamento, distante 4,5 quilômetros do local. A prefeitura defende a manutenção da empresa na cidade, já que a Copelmi gera mensalmente R$ 40 mil só de retorno de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O projeto de Lei 2.549 deve ser votado nos dias 2 e 9 de julho.
Saiba maisA consulta popular ocorrerá no dia 24 de junho, das 12h às 18h, com a seguinte pergunta:Você concorda com a mineração na área do Açude Grande? Sim ou Não.O resultado da consulta popular deve embasar as votações – nos dias 2 e 9 de julho – dos vereadores que devem decidir sobre o tema. Dos nove vereadores, apenas um, a vereadora Neuza Vargas (PT), firmou posição contrária à exploração da área sob o Açude Grande.Por que é preciso alterar a lei:Na década de 90, a Copelmi Mineração doou o terreno onde está o açude grande à prefeitura, mas manteve a concessão de exploração.À época, a empresa descartou a possibilidade de explorar o local porque a jazida iniciava a 20 metros de profundidade e os custos de extração eram elevados. Atualmente, há equipamentos que tornam mais viável a exploração a partir dessa profundidade, e a empresa está apta a investir. Agora, para voltar a extrair carvão do local, é preciso alterar a legislação municipal que tornou o açude grande área de preservação.
Zero Hora