J. Demito encontra seis novos depósitos minerais e inicia operação em Tocantins
11/03/11
Grupo já procura parceiros para desenvolver os projetos
Existente desde 1982, quando deu início às atividades em Alto Parnaíba (MA) com a Fertical, o Grupo J. Demito e seu departamento de prospecção anunciaram, em janeiro, a descoberta de seis depósitos com potencial em diferentes regiões. Segundo Jeremias Demito, presidente da empresa, alguns depósitos serão explotados em parceria com outros empreendedores. “A atividade de prospecção tem a função de buscar áreas e interessados em desenvolver os projetos. Não daríamos conta de gerir os projetos ao mesmo tempo. Começamos a conversar com alguns produtores de cimento e empresas de consultoria interessadas nos achados”, relata.
O estudo que durou três anos identificou dois depósitos com potencial para calcário visando à produção de cal, o primeiro entre os municípios de Edéia e Edealina (GO), com reservas de 40 milhões t. O segundo situa-se em Itaberaí (GO), com reservas de 140 milhões t. Já com vistas a calcário destinado à fabricação de cal, cimento e calcário corretivo, a empresa identificou uma ocorrência em São Félix do Coribe (BA), com recursos de 200 milhões t, e outro em Dianópolis (TO), com recursos de 140 milhões t.
Na região de Medicilândia (PA), foi descoberto depósito com recursos de 80 milhões t de calcário para cal, brita siderúrgica e calcário corretivo. E em Xambioá (TO), pronto a ser explotado pelo grupo J. Demito que criou em 2011 a Minerax, os estudos encontraram recursos de 100 milhões t de calcário destinado a fabricação de cimento, brita siderúrgica e calcário corretivo. “Estamos investindo este ano em torno de R$ 4 milhões na mina de Xambioá, para entrar em produção em junho, para alcançar em novembro a capacidade total instalada de 600 mil t/ano”, explica o presidente do grupo.
Gerenciado pelos irmãos Jonas e Jeremias Demito, o grupo que começou apenas com uma mineradora também apontou a possibilidade em criar um projeto de cal com investimento de R$ 25 milhões em Dianópolis, mas para isso necessita de parceria com outros investidores. “Já estamos conversando com dois grandes produtores de cal que se interessaram pelo projeto, que teria porcentagem de 30% a 40% para nós”, comenta Jeremias Demito.
Os seis depósitos estão em regiões com boa logística e os produtos poderão ser transportados por rodovias e ferrovias, com exceção das áreas de Xambioá e Medicilândia. Devido às péssimas condições das estradas no Pará e Tocantins, nos dois casos será necessário utilizar o transporte fluvial como opção logística mais vantajosa. “Os pontos são próximos à ferrovia Norte-Sul e, futuramente à Leste-Oeste. Em Medicilândia, optaremos pelo transporte fluvial para Belém ou, depois da operação da eclusa de Tucuruí, para Marabá (PA), o que barateará a cadeia logística”, afirmou.
O grupo que atualmente conta com duas mineradoras — a Caltins com capacidade de 900 mil t/ano e a Natical com cerca de 300 mil t/ano — tem 35 empregados e dispõe de equipe e estrutura próprias de manutenção em Bandeirantes do Tocantins (TO). Pesquisou numerosas ocorrências minerais, como ferro, níquel, calcário dolomítico e calcítico, gesso e até mesmo ouro, nos Estados de Mato Grosso, Bahia, Goiás, Tocantins, Piauí, Maranhão e Pará. Em 2011 investirá mais R$ 2 milhões em prospecção.
Início difícil
Jeremias Demito, que há 26 anos atua nesse segmento, viu na mineração de calcário um mercado promissor e que compensava o investimento financeiro. Em 1985, ele se juntou ao irmão Jonas para fundar a indústria J. Demito Irmãos em Riachão (MA). “No início foi bastante difícil, investimos o que tínhamos e que não tínhamos, e demorou a dar retorno. E com as crises que a agricultura passou em 1986 e 1987, 1991 e 1992, passamos momentos difíceis”, explica.
Em 1992, ele resolveu deixar o Estado de São Paulo, e viver em Riachão, para se ocupar exclusivamente em desenvolver melhorias para a empresa e buscar novos clientes e produtos que fizessem da J. Demito referência no mercado. Segundo o presidente do grupo, que está bastante esperançoso em relação à mineração nacional, o setor tem muito a crescer. “Acreditamos em um cenário positivo para os próximos 10 anos na mineração e 20 anos no setor agrícola, no qual o calcário tem posição fundamental”, afirma.
Por se tratar de uma empresa familiar, os irmãos já se preocupam com o futuro do grupo e pensam em contratar consultorias para desenvolver o sistema que fará a mudança de controle gradual da J. Demito à próxima geração. “Meu irmão tem quatro filhos e eu tenho dois. Os mais velhos, na faixa dos 20 anos, têm demonstrado interesse em participar e futuramente gerir os negócios da família”, comenta.
Apesar de crises na mineração, no setor agrícola e no País, Jeremias Demito e o irmão criaram uma empresa que se transformou de uma mineradora para um grupo com setores específicos de prospecção e transporte. “Sinceramente, passei muitas dificuldades, mas nunca pensei em mudar de ramo. Nosso objetivo sempre foi procurar melhores condições e oportunidades”, conclui.
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