Itataia: contrato sai até o fim do ano
20/10/08
Escondida, espera a Mina de Itataia ser, enfim, explorada. Ainda mais ansiosa está a comunidade localSanta Quitéria. A terra é seca. As árvores ? que percorrem o caminho até o minério hoje tão em foco ? provam a capacidade da natureza de resistir a condições tão desfavoráveis. De Fortaleza até o município de destino são 222 quilômetros. Mas, isso, até a sede administrativa. De lá até a mina são mais 70 quilômetros, percorrendo uma tortuosa estrada de terra que nem todo carro é capaz de enfrentar.Assim escondida, espera a Mina de Itataia ser, enfim, explorada. Espera ela e, ainda mais ansiosa, a comunidade local. Afinal, desde 1976 a ocorrência é conhecida. Mas o seu tempo, finalmente, chegou.Até o fim do ano, a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) ? detentora dos direitos de explorar urânio no País e proprietária da fazenda Itataia ? assina o contrato com a empresa privada Galvani, tornando viável a exploração da mina. O contrato afirma o modelo de consórcio na exploração, determinando as obrigações de ambas as empresas.O assessor da Presidência do INB, Luiz Filipe, explica que, assinado o documento, a Galvani poderá fazer os investimentos pesados no local, a contratação das instalações.Realidade mudaE, assim, a realidade naquela terra começa a mudar. Ali, em um solo desacreditado pela agricultura, aparentemente estéril, encontra-se a maior mina de urânio do País: 80 mil toneladas de reservas lavráveis do minério.E o urânio não vem só: junto a ele, mais nove milhões de toneladas lavráveis de fosfato, matéria-prima para a produção de fertilizantes, cada vez mais caros e escassos nos mercados nacional e mundial.Caberá à Galvani Mineração, que investirá US$ 377 milhões, a exploração e beneficiamento desse fosfato, dissociando-o do urânio e o repassando à INB. O urânio será usado para atender à usina nuclear de Angra III, no Rio de Janeiro.As obras na mina deverão começar no ano que vem, e a previsão é de que, no primeiro trimestre de 2012, a usina esteja operando, chegando à sua capacidade total em 2014, com a produção de 240 mil toneladas/ano de fosfato, o que representa cerca de 1.600 toneladas/ano de urânio.Isso é muito: a capacidade de produção de urânio da mina representa um acréscimo de 375% no quadro atual brasileiro, ou seja, quadruplicará o que se é produzido hoje no País. Em outras palavras, Itataia, que deverá ter faturamento anual de US$ 525 milhões/ano, é de interesse estratégico nacional.Por enquanto, lá na mina, que se localiza no distrito de Raimundo Martins, só existem três galerias, ou túneis, dois com 500 metros e um com 450 metros, como informa o auxiliar operacional Elias Dias. E ele fala com certa propriedade, afinal, são 26 anos trabalhando no local. ´Demorou demais, mas agora a coisa está funcionando. A expectativa é a melhor possível´, afirma. (SS) NEGÓCIO ESTRATÉGICO375% é o acréscimo proporcionado pela exploração de Itataia à produção de urânio brasileira. A mina deverá ter faturamento anual de US$ 525 milhões/ano, incluindo a extração de fosfato
Diário do Nordeste