Investimentos em Angra 3 vão atingir quase R$ 8 bilhões
26/06/07
Batido o martelo sobre a conclusão de Angra 3, o governo terá de deslanchar investimentos da ordem de R$ 600 milhões, além dos R$ 7,2 bilhões previstos para a usina, no sistema de produção do combustível nuclear e no reaparelhamento da Nuclep, estatal responsável pelos equipamentos pesados para a central. A conta, ainda não fechada, faz parte de um trabalho em elaboração pelo setor para driblar os gargalos que surgirão com a expansão do parque nuclear brasileiro.`Já temos um balanço das dificuldades e propusemos um conjunto de ações para serem tomadas até 2010`, informa o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Dias Gonçalves. Em um primeiro momento, o governo precisa desenvolver o ciclo de produção de energia nuclear, cuja tecnologia já existe no País, mas ainda não é usada em escala industrial.O projeto inicial prevê investimentos de pelo menos R$ 500 milhões para tornar a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) apta a enriquecer um volume de urânio suficiente para abastecer 60% das necessidades das usinas de Angra 1 e 2 até 2010.A produção de combustível nuclear é composta por cinco etapas. O Brasil não domina apenas duas: o enriquecimento de urânio e a conversão do minério em gás. Há tecnologia para as duas, mas a escala de consumo com duas usinas não animava o governo a investir nos equipamentos. Com a perspectiva de uma terceira usina, a situação mudou.Segundo o presidente da INB, Alfredo Tranjan, os investimentos devem ser iniciados ainda neste ano, em pequena escala, já que não estavam previstos no orçamento. A origem dos recursos, aliás, ainda é uma incógnita, admite Gonçalves, da Cnen.O governo estudava exportar urânio para financiar o projeto, mas ainda não há definição. Tranjan diz que, após 2010, a INB passará a gerar caixa suficiente para aportar recursos na próxima etapa: atingir escala para abastecer as três usinas.A etapa de conversão do minério para gás só deve começar a receber recursos a partir de 2012. Tranjan diz que não é preciso antecipar essa etapa, pois é a parte mais barata do processo.Em outra frente, o governo terá de reaparelhar a Nuclep, criada para construir os equipamentos pesados do primeiro programa nuclear. A empresa passou anos desativada e hoje opera na construção de cascos para plataformas da Petrobrás.
O Estado de São Paulo