17/11/08

PRIORIDADESMaioria dos recursos privados deverão contemplar o segmento mineral
ANA CÉLIA PINHEIRO Da Redação
Os investimentos previstos para o Estado atingirão 22 municípios, na região de Belém, sul e sudeste e Baixo Amazonas. A maioria esmagadora dos recursos privados contempla o setor mineral. Já as obras públicas incluem pavimentação de estradas, construção de portos e da hidrelétrica de Belomonte, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Na verdade, trata-se de obras de há muito anunciadas. Daí que já tenham resultado em um forte incremento populacional, especialmente no sul e sudeste. O município de Parauapebas, por exemplo, que tinha pouco mais de 71 mil habitantes, no ano de 2000, fechou o ano passado, segundo o IBGE, com mais de 133 mil moradores. Ou seja, em apenas sete anos praticamente dobrou de tamanho quando o normal é que a duplicação populacional de uma cidade leve, pelo menos, duas décadas.
O mesmo aconteceu com São Félix do Xingu, cuja população (a partir da expectativa de construção da hidrelétrica de Belo Monte) saltou de 34.621 pessoas, em 2000, para quase 60 mil, no ano passado. Ou, ainda, com Anapu, cujos moradores, no mesmo período, saltaram de 9 mil para 18 mil. Outro exemplo é Canaã dos Carajás, que tinha cerca de 11 mil habitantes, em 2000, fechou o ano passado com quase 24 mil e deve atingir 60 mil, em 2012, conforme estudo feito pela Vale, naquela região.
`O sul e o sudeste do Pará cresceram uns 60% nestes sete anos`, diz o chefe da unidade do IBGE no Pará, Antonio José Biffi. Ele não acredita, porém, que o Estado venha a experimentar um boom como o vivido nas décadas de 70 e 80, a `era dos grandes projetos`, com a implantação do Programa Grande Carajás e a construção da hidrelétrica de Tucuruí. Na época, a população paraense chegou a crescer, anualmente, o dobro da média nacional.
`Hoje, a situação é muito diferente`, observa. `Naquela época, você tinha não apenas um grande fluxo migratório, como também um elevado crescimento vegetativo. Hoje, com o novo papel social da mulher, tivemos uma acentuada queda da taxa de fecundidade, quer dizer, a redução do número de filhos. Além disso, a própria migração diminuiu`.
É claro que permanecem grandes atrativos do Estado: grandes riquezas naturais e vazios demográficos, por exemplo. Mas há fenômenos, como acentua Biffi, que não voltarão a se repetir, como é o caso do garimpo de Serra Pelada, que concentrou milhares de trabalhadores na década de 80. Hoje, fala-se na retomada do garimpo, mas através da lavra mecanizada, que utiliza pouquíssima mão-de-obra.

O Liberal – PA