Investimento no metal sobe 56% em um ano
15/09/08
São Paulo, 15 de Setembro de 2008 – Em tempos de turbulência financeira, o porto seguro dos investidores é o ouro. Com a crise dos créditos imobiliários de alto risco (subprime) nos Estados Unidos não foi diferente e o resultado é não apenas o aumento no preço do metal, que acumula uma alta de 23% no último ano, mas também uma alta de 56,4% no investimento em mineração de ouro no Brasil. Agora será de US$ 1,55 bilhão para o período de cinco anos, entre 2008 e 2012, segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). No ano passado, o valor dos investimentos em projetos de produção de ouro somava US$ 989 milhões para o período de cinco anos.As autorizações para pesquisa mineral concedidas pelo Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) também aumentaram, 47,9%, entre 2006 e 2007 e totalizaram 1782 somente no ano passado.Apesar da recente desaceleração no preço do ouro, que registrou queda de 10,23% no acumulado do ano até sexta-feira, o diretor presidente do Ibram, Paulo Camillo Vargas Penna, destacou que o metal ainda apresenta um valor elevado, do ponto de vista histórico, e não deve ter retração deste patamar. “De 2001 a agosto de 2008, o ouro acumula alta de 206%, sendo que somente no último ano subiu 23,8%”, disse. “Já o níquel acumula queda de 30% no ano, o chumbo caiu 54% e o zinco, 43%”, comparou. Por isso, o executivo acredita que o metal continuará atrativo para investimentos. “Muito disso se deve à alta volatilidade no mercado financeiro, e o ouro se torna um ativo ainda mais importante nessas horas.”No Brasil, o maior consumo de ouro vem do mercado de ativos financeiros, que responde por 79% de toda a demanda nacional, segundo o Ibram. Em seguida vem a indústria metalúrgica, com 9,5%, e o setor joalheiro, com 7,1%.Em 2007, a produção brasileira foi de 47 toneladas, 14,6% acima do apurado em 2006, e correspondeu a 1,88% da demanda mundial, ante 1,64% do ano anterior.Mesmo com o crescimento, o País permaneceu no décimo terceiro lugar entre os principais produtores mundiais de ouro. Do total produzido, 33,8 toneladas foram exportadas, o que representou um incremento de 6,5% ante os embarques de 2006. Países como Estados Unidos, Peru, Indonésia e Canadá reduziram suas produções entre 2006 e 2007.Com isso, a exportação de ouro brasileiro tem crescido. Passou de 31 toneladas para 36 toneladas no ano passado. Somente em 2007, o crescimento foi de 6,5% em volume. Em valor, a alta foi ainda maior, de 19,3%, somou US$ 791 milhões. Os Estados Unidos foram os principais compradores, adquirindo 92% do volume total embarcado, seguidos pelo Reino Unido, com 6%, e Canadá e Emirados Árabes, com 2% cada um.ExpansãoCom os investimentos em expansão, a produção brasileira deve atingir as 80 toneladas até 2012. Deste volume, 10 toneladas virão do projeto de expansão da Rio Paracatu Mineração, controlada da Kinross Gold Corporation. A empresa está finalizando seu projeto de expansão que triplicará a capacidade da mina em Paracatu (MG), para 15 toneladas. O projeto, orçado em US$ 540 milhões, já está em fase de testes e deve entrar em operação ainda este mês. Com isso, já este ano colaborará para um aumento de 4,5 toneladas na produção brasileira.Já a Yamana Gold vai investir US$ 740 milhões em seus projetos de expansão no Brasil entre 2008 e 2011. O volume corresponde a 57% do plano de US$ 1,3 bilhão que a companhia está desenvolvendo para ampliar em 83% sua produção global de ouro, de 1,2 milhão de onças ( 37,3 toneladas) para 2,2 milhões de onças (68,4 toneladas).O maior investimento será realizado para a expansão da mina de Chapada, em Goiás, onde serão aplicados US$ 221 milhões. Atualmente, a mina possui capacidade para processar 16 milhões de toneladas de rocha, e deve ampliar essa capacidade para 32 milhões em 2011. A estimativa é de que a companhia produza 170 mil onças (5,3 toneladas) de ouro este ano e atinja 6,2 toneladas anuais em 2012.O projeto da AngloGold Ashanti, de US$ 350 milhões, prevê a expansão da mina de Cuiabá, localizada em Sabará (MG), que deve passar de uma produção anual de 5,2 toneladas para 8,5 toneladas até 2010. Além disso, a empresa, que no início de agosto adquiriu a São Bento Mineração por US$70 milhões, possui o projeto de Córrego do Sítio, no qual estuda a viabilidade de produzir 100 mil onças (3,1 toneladas) a partir de 2011. Devido à aquisição, a empresa avalia ampliar o projeto.(Gazeta Mercantil – Pág. 9)(Luciana Collet)
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