Ingleses ampliam negócio de crédito de carbono no Brasil
30/03/07
De olho em um mercado com potencial de atingir US$ 900 milhões em movimentação, em dois anos, 10 empresas inglesas especializadas em projetos, implementação e comercialização de crédito de carbono realizam uma rodada de negócios na capital paulista, na próxima segunda-feira.
;Dados do Banco Mundial apontam que o Brasil deverá fechar o ano de 2007 com cerca de US$ 270 milhões nas negociações de crédito de carbono, contra US$ 200 milhões do ano passado. Um crédito de carbono significa que uma tonelada de CO2 deixou de ser emitida, o que minimiza o efeito estufa. ?Os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) ocupam a 74ª posição na pauta de exportações brasileiras? diz Gustavo Mozzer, assessor técnico do Ministério da Ciência e Tecnologia.
;Em todo o mundo são 1.535 projetos de MDL. O Brasil detém 14% deste total, com 205 projetos. O mercado global de crédito de carbono movimentou no ano passado US$ 21 bilhões, sendo que Índia, China e Brasil, nesta ordem, correspondem pelo ranking dos principais mercados geradores de `papel verde` e 60% do total movimentado.
;Demanda
Uma das empresas participantes da rodada de negócios, a inglesa EcoSecurities, prevê assinar o seu 54º contrato de projeto no País, este com uma companhia de energia. ?Estamos em análise com uma empresa brasileira?, revela Nuno Cunha e Silva, diretor da empresa no Brasil.A EcoSecurities, conta com um total de 300 projetos em 23 países e prevê ampliar sua base de atuação na América Latina.
A empresa vai ampliar o seu modelo de negócio com uma maior participação em projetos de redução de gases do efeito estufa. A estratégia global da empresa inclui sociedades em novos empreendimentos e financiamentos a projetos ligados ao MDL do Protocolo de Kyoto, que prevê que os países desenvolvidos reduzam suas emissões de gases que pioram o efeito estufa em ao menos 5% entre 2008 e 2012. No total, a empresa tem US$ 70 milhões para investir este ano em projetos de MDL em países, como Brasil e China. Entre suas perspectivas, estão projetos que utilizam biomassa, como o bagaço de cana-de-açúcar para gerar energia elétrica.
;No Brasil, a EcoSecurities tem parcerias com a Cargill, que prospecta projetos na área de resíduos agrícolas. No total, a Cargill tem 9% do capital da empresa. Outro sócio é a MSM Capital Partners, um fundo de venture capital, que tem 14%. O restante está com os fundadores e empregados.
Outra empresa inglesa que fará parte da rodada é a CO2e.com. Há um ano no Brasil, a companhia conta com 28 projetos no País para implementação de crédito de carbono e deverá fechar outros contratos, ao longo desse semestre, com empresas do setor de energia. ?A rodada servirá para implementar e estudar acordos de cooperação, que possivelmente acontecerão?, constata Divaldo Rezende, vice-presidente.
Atualmente com cerca de 30 clientes no País e presente em todos os continentes, a CO2e.com comercializa os créditos de carbono com governo dos países e também a iniciativa privada. ?O mercado de crédito de carbono demonstra que os projetos estão além da responsabilidade social porque permitem um viés financeiro?, ressalta Marcelo Tavares, gerente de finanças da UK Trade & Investiment da Embaixada Britânica no Brasil, organizadores do evento.
Mercado
O reflexo do aquecimento do mercado mundial aponta mais investimento no Brasil. Dois grupos que não participarão da missão inglesa em São Paulo também anunciam aportes no segmento. O Rima, único fabricante de magnésio primário na América do Sul, obteve a aprovação da Organização das Nações Unidas (ONU) para a comercialização de créditos de carbono. A empresa venderá a uma mineradora multinacional os créditos, equivalentes a 29 mil toneladas de dióxido de carbono/ano. Já o grupo de energia japonês Chugoku Electric Power, de Hiroshima, acertou no início do ano, a comercialização de 2,3 milhões de créditos de carbono com o Brasil, negócio equivalente a R$ 110 milhões. O grupo é braço brasileiro do grupo financeiro Sumitomo Mitsui. Serão 14 projetos contemplados.
Bolsas
Das três principais Bolsas de carbono do mundo, há créditos gerados no Brasil, no mercado de Chicago e no europeu EU ETS. A participação brasileira na Chicago Climate Exchange (CCX) é ainda pequena, mas crescente, segundo Divaldo da CO2e.com. Em fevereiro, a CCX bateu recorde de volume comercializado, com 3,712 milhões de toneladas de CO2 equivalente. O preço da tonelada variou no mês passado de US$ 3,35 a US$ 4. O Banco Real já tem uma área de vendas de créditos de carbono. A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) pretende, este ano, implantar um sistema de leilões de créditos de carbono no país.
DCI