Indústria de guindaste se sustenta em alta
12/12/08
Caxias do Sul (RS), 12 de Dezembro de 2008 – Os cerca de 20 fabricantes nacionais de guindastes não estão dando conta da demanda. Apesar das turbulências do cenário econômico, os investimentos em andamento e os projetos futuros nos setores de infra-estrutura, mineração, canavieiro, gás e petróleo, e construção civil e pesada, têm garantido a carteira de pedidos e os empresários do setor estimam que a situação de entregas só se regularizará em 2015. Este mercado, que movimenta R$ 1 bilhão anualmente, tende a crescer a um ritmo de dois dígitos por ano.
“Este é um fenômeno que se repete na América Latina e na Europa”, disse o diretor de marketing da Luna ALG, de Caxias do Sul (RS), Gilberto Dal Zotto. Com apenas um ano de mercado, a empresa está lançando um novo modelo, com capacidade para movimentar 35 toneladas, mas cujo prazo de entrega se estende por 18 meses. “Não temos condições de prometer nada antes disso”, disse o empresário, que informou contar em sua carteira com 82 pedidos deste modelo, parte deles para locadoras. Dal Zotto afirmou que empresas da área de mineração, petróleo e siderurgia estão determinando um prazo de cinco anos de vida útil para o equipamento, o que obriga os locadores de guindastes a renovarem suas frotas.
Situação não muito diferente é vivida pela Madal Palfinger, também de Caxias do Sul. “Nós estamos com toda a produção tomada e mais um pouco”, disse a gerente de marketing da empresa, Lizane Malfatti, que fez questão de ressaltar a sinalização da permanência desse ambiente favorável por pelo menos até o ano de 2012. “Temos encomendas que serão entregues em 2010”, informou.
A gerente da Madal Palfinger informa que, recentemente, recebeu a visita de integrantes da direção do grupo austríaco, que deram uma informação preciosa: os projetos previstos para os próximos anos – investimentos para aumento da capacidade física, novo maquinário, lançamentos de produtos e capacitação de mão-de-obra – serão mantidos. “Uma parte dos projetos teve início neste ano”, disse a executiva. O período abrange até 2012. De acordo com Liziane, a Madal detém quase 70% do mercado brasileiro de guindastes telescópicos.
Adão Marques, dono da PHD Guindastes, de Caxias do Sul, conta que a procura maior é por equipamentos de menor porte, para aplicações diversas, entre as quais a movimentação de frutas e materiais de construção. “A minha linha vai até 35 toneladas, mas estou pensando na ampliação para 40 e 60 toneladas”, adiantou o empresário, que chegou a importar guindastes da China no início do ano para suprir algumas demandas específicas. O noticiário acerca da crise financeira mundial provocou um recuo momentâneo nos pedidos de cotação desde outubro, informou Adão Marques, mas ainda assim “o cronograma de entrega de alguns modelos já encomendados sofrerão atraso”.
Novo filão
Até o começo de 2007, Gilberto Dal Zotto, seu irmão Sérgio e um amigo, José Antonio Boff, não tinham a menor idéia de que iriam unir-se para erguer uma fábrica de guindastes. Boff (ex-sócio da San Marino, fabricante de carroceria para ônibus, de Caxias do Sul), entrou com o capital, de R$ 25 milhões, e no primeiro ano de atividade a Luna ALG chegará a R$ 100 milhões de receitas. “Até o final de 2009 o faturamento irá dobrar”, avisa Sérgio. O nome Luna é da empresa espanhola, com sede na cidade de Huesca, capital da província do mesmo nome, no norte do País, com a qual os gaúchos firmaram acordo para a transferência de tecnologia. Desde 1997, Sérgio é funcionário da Luna aqui no Brasil.
“A Luna não consegue entregar guindastes de 40, 60 e até 70 toneladas antes de 2011 na Europa. Eles não têm condições de ampliar, tanto que pediram para que atendêssemos o Leste Europeu a partir de 2009”, informou Dal Zotto. A empresa espanhola fatura ? 36 milhões. Os planos para o Brasil prevêem a ampliação da oferta de modelos de guindastes até 90 toneladas. Atualmente, a empresa caxiense oferece 15 modelos, entre 4,5 e 35 toneladas. “Um ano e meio atrás levávamos cerca de um mês para montar um guindaste. Hoje fazemos cinco por dia”, disse o gerente de marketing. De acordo com ele, a procura por guindaste tem a ver com maior eficiência e agilidade exigido nos canteiros de obras. “Ninguém mais quer carregar saco de cimento nas costas”, disse. Caxias do Sul servirá de base para exportações em toda América Latina.
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 1)(Guilherme Arruda)
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