INB negocia exportação de nova carga de urânio para Argentina
06/01/17
A Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que atua desde a mineração de urânio à fabricação de combustível para usinas nucleares, vai apresentar este mês uma proposta de exportação de uma nova carga de urânio enriquecido para a Argentina. Se concretizada, essa será a segunda operação do tipo na história da companhia e a primeira que envolverá a exportação do combustível para uma unidade em escala comercial, a usina nuclear de Atucha 1, de 350 megawatts (MW) de capacidade, na província de Buenos Aires.”Neste ano, já estamos iniciando um esforço para tentar viabilizar a exportação de uma outra carga. Estamos refazendo a proposta que fizemos ano passado. Já estamos conversando comercialmente e provavelmente vamos apresentar a proposta este mês ainda”, afirmou ao Valor o presidente da INB, João Carlos Tupinambá.O volume a ser exportado deve ser semelhante ao fornecido na primeira operação, que totalizou quatro toneladas de pó de dióxido de urânio (UO2) para a primeira carga do protótipo de reator nuclear de Carem. Os valores, no entanto, podem variar, devido às condições de mercado. O primeiro contrato foi da ordem de US$ 4 milhões.”Se as coisas acontecerem como prevemos, essa exportação será para o segundo semestre”, disse Tupinambá, que completa este mês um ano na presidência da INB.Em outra frente de atuação, a INB também espera fechar uma parceria com a China National Nuclear Corporation (CNNC) para viabilizar financeiramente o desenvolvimento de novas minas no Brasil, com destaque para Rio Cristalino, no Pará, com reserva potencial estimada em 150 mil toneladas de urânio. Estima­se que sejam necessários US$ 20 milhões para as pesquisas minerais na região.Segundo o presidente da INB, uma possível parceria com os chineses pode contemplar outros projetos, como a pesquisa de uma mina subterrânea em Caetité (BA).”Provavelmente vamos receber no primeiro semestre uma comitiva técnica [da CNNC]”, disse Tupinambá, que esteve em Pequim no fim do ano passado, dentro da agenda de negociações com a companhia chinesa.A medida faz parte da estratégia da INB de buscar sócios privados para investir no setor, devido à limitação de recursos do governo brasileiro para fazer frente a esses investimentos. “Gostaríamos de ter um sócio com capacidade de investimento para alavancar negócios”, explicou Tupinambá.Conta a favor da INB o interesse crescente da CNNC pelo setor nuclear brasileiro. Também no fim do ano passado a gigante chinesa assinou memorando de entendimentos com a Eletronuclear para uma possível participação na construção da usina nuclear de Angra 3, cujas obras estão paralisadas desde 2015.”Angra 3 para a INB será fundamental. É um cliente para o qual vamos fornecer [combustível]. Estamos sempre muito preocupados com que Angra 3 evolua, como estamos preocupados com que o Brasil defina a implementação de outros reatores no futuro”, afirmou o executivo.Funcionário de carreira da INB, ele explicou que, um modelo possível, inclusive previsto no estatuto da companhia, seria a INB criar uma nova empresa, na qual ela detenha o controle com 51% de participação e o outro sócio fique com os 49% restantes.Também conta favoravelmente, segundo ele, a convergência hoje entre os principais agentes e autoridades do setor nuclear brasileiro, entre eles o ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), no sentido de “desatar nós” que dificultam a viabilização de parcerias e negócios nessa área no país.
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Valor Econômico