IBRAM debate com especialistas cenários para a mineração em 2023
11/01/23
O IBRAM – Mineração do Brasil projeta que em 2023 o setor poderá repetir o desempenho de 2022. No ano passado, o faturamento foi cerca de 26% abaixo do registrado em 2021. É o que disse o diretor-presidente, Raul Jungmann, em live com associados – “Encontro com o Presidente”, nesta 4ª feira (11/1). O ano pode ser marcado por recessão global, com possibilidade de restrições econômicas na China – principal mercado comprador dos minérios brasileiros. No ambiente interno, os custos da mineração têm sido elevados sistematicamente a partir de taxas criadas por governos estaduais, o que tem prejudicado a previsibilidade dos investimentos e dos negócios.
“Em 2023 é preciso ter muita atenção em termos de custos; os novos projetos têm que ser muito bem pensados, assim como a questão dos suprimentos, com um gerenciamento de fatores mais ágil. O país continua sendo grande opção para investimentos estrangeiros, pelos seus recursos minerais, proteína e agro. Em termos de perspectivas para novos negócios em mineração, o IBRAM defende uma proposta para estimular a produção de minerais estratégicos para favorecer a transição a uma economia de baixo carbono. Nosso objetivo é, ainda, procurar, em 2023, manter nossos níveis em termos de mercado e procurar expandir nossa inovação e competitividade”, afirmou.
Raul Jungmann sublinhou como uma das principais preocupações da indústria da mineração o que chamou de “ataque fiscal” por parte de governos estaduais. Depois que Amapá, Pará e Minas Gerais criaram taxas de fiscalização da mineração, outros estados seguem no mesmo caminho, o que encarece sobremaneira a atividade mineral legalizada. O dirigente citou os recentes casos de Mato Grosso, Maranhão e Goiás. “Estamos preocupados com isso e focados nesta questão”, disse.
O moderador da live, Rinaldo Mancin, diretor de Relações Institucionais do IBRAM, avaliou que a mudança de regras, ao se criar as taxas, pode ser visto pelos investidores externos como impeditivo para aportar seus recursos na mineração brasileira. “É muito preocupante porque é um setor que não conta com instrumentos de financiamento no Brasil e depende do capital externo para estruturar financeiramente seus projetos. O fato é que no Brasil, quanto melhor é a performance do setor mineral, mais ele é visado para o aumento de impostos”, disse.
Raul Jungmann lembrou que, além das iniciativas prejudiciais à previsibilidade e à segurança jurídica, caso das taxas estaduais, os ataques aos três poderes em 8 de janeiro, em Brasília, geram desconfiança entre os investidores internacionais. Após a eclosão da guerra na Ucrânia, disse, eles têm buscado “países mais estáveis, democráticos” para aportar seus recursos.
“Houve um impacto muito grande em todo o mundo. Espero que o governo brasileiro demonstre tranquilidade para lidar com o caso, exerça sua autoridade, mas evite a radicalização, que seria péssimo em termos de política e em termos econômicos para o país”, afirmou Raul Jungmann.
O analista político, Antônio Marcos Umbelino Lôbo, também participou da live e disse que o setor mineral, representado pelo IBRAM, deve consolidar seus canais de interlocução com os três poderes para colaborar na formulação de políticas públicas. “O governo está aberto a propostas e o IBRAM tem uma agenda pronta”, disse. As principais propostas do IBRAM estão consolidadas na publicação “Políticas Públicas para a Indústria da Mineração”, disponível no site do Instituto.
Raul Jungmann acrescentou que o IBRAM já solicitou audiências a vários ministérios e outros órgãos para encaminhar este debate. Em live anterior, em 6/1, Raul Jungmann já havia declarado que o IBRAM atua para aprimorar também os canais de contato com deputados e senadores e irá demonstrar as contribuições que o setor presta ao país e como apoiar sua expansão será vantajosa para a prosperidade social, econômica e ambiental. “O setor mineral é fundamental para o presente e o futuro dos brasileiros e de toda a humanidade. Precisamos enfrentar as questões adversas com muito diálogo, propostas e ações para que a mineração siga sua trajetória de desenvolvimento sustentável. O papel do IBRAM é estar presente, ao lado dos associados, trabalhando com eles e em sua defesa, onde for preciso”, justificou Raul Jugnmann.
Fernando Sakon, economista da LCA Consultores, participou da live de 11/1 e apresentou aos participantes uma avaliação de macrocenários políticos e econômicos para 2023. Ele acredita que este ano ainda apresenta incertezas em face da mudança no governo e da necessidade de estruturação e negociação política de propostas, que irão mexer com a economia nacional, com reflexos na rotina dos cidadãos e dos setores produtivos.