Hora de garantir apoio na briga pela Câmara
05/05/08
Faltando cinco meses para as eleições e 56 dias para o fim do prazo das convenções ? de 10 a 30 de junho, quando as candidaturas são oficializadas ?, os partidos de Santa Cruz do Sul estão com as atenções divididas entre as disputas pela Câmara e pela Prefeitura. Ao contrário de anos anteriores, quando nesse período fervilhavam nos bastidores as tratativas de alianças para a corrida pelo Executivo, desta vez a batalha das coligações é a primeira a ser vencida na guerra pelo Legislativo. Lição do pleito de 2004, quando o número de cadeiras foi reduzido de 21 para 11 e teve partido que por oito votos deixou de eleger o segundo vereador.Participando sozinho da eleição proporcional, o partido pode inscrever até 17 candidatos. Eles terão a missão de captar votos para chegar ao coeficiente eleitoral ? perto de 7 mil, que é a divisão dos votos válidos pelo número de vereadores ? e, assim, se credenciarem a uma cadeira na Câmara. Coligadas, duas ou mais legendas podem inscrever 22 nomes, aumentando as chances de alcançar o número mínimo de votos. É isso o que todo mundo quer, mas nem todos vão conseguir. As definições passam, obrigatoriamente, pelas negociações para composição da chapa majoritária.É o caso do PMDB, que considera cada vez mais real a possibilidade de adiar o sonho da candidatura própria, se aproximar dos partidos da situação e coligar com PPS ou Democratas na disputa pela Câmara. Com a debandada do ano passado ? os cinco candidatos a vereador mais votados no partido foram para o PTB e o PSB ? restaram pouquíssimos peemedebistas com chances de puxar votos suficientes para alcançar o coeficiente. Como o partido tem dificuldade para compor uma coligação na majoritária e Telmo Kirst, pré-candidato à Prefeitura, tem dito que pretende continuar na presidência da Companhia Rio-grandense de Mineração (CRM), só resta ao PMDB entrar para a coligação PSDB/PP/DEM/PPS e garantir parceria para a disputa por uma das 11 vagas.Com a situação definida na majoritária, o PP é um dos que enfrenta dificuldades para se coligar na disputa pela Câmara. O partido não está encontrando alguém disposto a compor uma aliança que, no fim das contas, deverá eleger um ou dois progressistas. ?Temos dois pré-candidatos fortes ? os vereadores Hildo Ney Caspary e Edmar Hermany ? e isso emperra as negociações. Eles têm boas chances de se reeleger e nenhum outro partido, sabendo disso, está querendo coligar conosco?, admite o presidente do PP, Carlos Agnes. Se as tratativas não evoluírem, o partido vai sozinho, mesmo sabendo que poderá garantir apenas uma vaga.DESAFIO INTERNOO PSDB do prefeito José Alberto Wenzel vive outra situação. Para dar ao governo a vitória na eleição da mesa da Câmara, em dezembro, os tucanos ataram uma aliança na proporcional com o PR, do vereador Irton Marx. Há quem diga que o acordo será rejeitado na convenção do partido, mas tem pré-candidato a vereador preocupado. Nos próximos dias o PR entra oficialmente para o governo, ganhando inclusive cargo de primeiro escalão ? o de secretário-executivo de Meio Ambiente. ?É possível que Irton faça mais votos que os tucanos e acabe eleito pelo PSDB, que ficaria sem representação na Câmara?, analisa um experiente tucano. Wenzel já teria dito que pretende honrar o compromisso, lançando aos candidatos do partido o desafio de superar Irton Marx nas urnas.Na oposição, coligações para disputar a Câmara e a Prefeitura andam juntas e quase todos os partidos já estão resolvidos. Afastado pelo PTB da aliança majoritária depois de reclamar que estava ficando fora das decisões, o PHS está praticamente acertado com o PT na proporcional e já participou da reunião-almoço da oposição na semana passada. A dupla deverá ganhar ainda o reforço do PCdoB. ?Esta coligação está muito bem encaminhada. Juntos, teremos chances reais de eleger dois vereadores?, destacou o presidente do PT, Delmar Thomas.No PTB, que se unirá ao PRB na disputa proporcional, o problema é outro: muito pré-candidato para pouca vaga. ?Estamos numa sinuca de bico. Isso nunca tinha acontecido antes?, disse um líder do partido. Para o ex-prefeito e deputado federal Sérgio Moraes, aos poucos os nomes estão se encaixando na lista de pré-candidatos. ?Muitos têm interesse de concorrer, mas como tudo indica que serão mantidas as 11 vagas na Câmara, alguns começam a desistir. Com apenas 11 cadeiras a briga vai ser feia?, afirmou. Políticos experientes dizem que, com menor espaço em disputa, além do número necessário de votos o custo da campanha também vai às nuvens. E isso também está pesando na hora das definições.
Gazeta do Sul