03/03/11

Linha de produção já começa a atender demanda das vizinhas siderúrgicasEmpresário Ricardo Marra retoma produção no parque industrial de Santa Matilde
Bem ao discreto estilo mineiro, o empresário Ricardo Marra está articulando a retomada da fabricação de vagões ferroviários para o transporte de minério no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais. O ex-sócio da Manchester Tubos e Perfilados, empresa que; tem hoje a ArcelorMit tal como principal acionista, adquiriu a massa falida da Companhia Industrial Santa Matilde, de Conselheiro Lafaiete, e já está trabalhando na reforma de vagões e fabricação de máquinas para captar minério de ferro.
Com uma linha de produção que começa a atender às grandes siderúrgicas que atuam na região, o projeto do empresário é mais ousado. No próximo dia 14 ele embarca para a China para acertar os termos de uma possível sociedade com os chineses da Hangzhou Cogeneration para retomar a fabricação de vagões. ?Eles já são fabricantes lá e querem ser nossos sócios aqui?, confirma Marra.
De acordo com o empresário, uma parceria com os chineses aceleraria o processo de retomada na produção de vagôes porque eles já detêm a tecnologia, mas ele pretende levar o projeto adiante mesmo sem sócios. ?Podemos demorar um pouco mais porque precisaríamos patentear esse tipo de produto, mas temos condiçõesde investir?, garante.
;O contrato de arrendamento do parque industrial de Santa Matilde é válido até junho de 2013. Nesse meio tempo Marra aguarda um novo leilão de venda do complexo. ?Vamos investir na aquisição da fábrica com o retorno do que estamos conseguindo com as nossas atuais operações?, diz.
A compra definitiva do complexo é importante para atender a previsão de Marra. O empresário pretende começar a fabricar os vagões já no próximo ano. Antes de ser arrendada, a massa falida da Santa Matilde permaneceu fechada por aproximadamente dois anos e meio. Antes disso foi sede da Cooperativa Mineira de Equipamentos Ferroviários (Coomefer).
Para reativar o parque industrial Marra fez um investimento de R$ 40 milhões entre a locação e reforma do espaço. O próximo passo, que prevê a fabricação dos vagões, deve demandar novos recursos da ordem de R$ 100 milhões. ?Estamos fazendo uma coisa muito importante para a mineração. Acelerando um processo que ainda está muito verde?, diz Marra sobre a necessidade de vagões para o transporte da matériaprima. Um levantamento concluído pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) mostra que as mineradoras investirão US$ 64,8 bilhões no período de 2011 a 2015, um recorde.
;ÍCONE NA CONSTRUÇÃO DE VAGÕES NA DÉCADA DE 70, SANTA MATILDE SEGUE INATIVA;
Fundada em 1916 a Companhia Industrial Santa Matilde atravessou boa parte do século passado construindo vagões e outros componentes ferroviários, além de automóveis e tratores. No auge, na década de 70, seu parque chegou a empregar quase duas mil pessoas. A empresa fechou as portas em 1984 e permaneceu paralisada até 2001, quando antigos funcionários fundaram a Cooperativa Mineira de Equipamentos Ferroviários (Coomefer).
Em 2006, a Justiça do Trabalho sentenciou que a cooperativa era sucessora da Santa Matilde e que deveria pagar todas as dívidas trabalhistas deixada pela empresa. A Coomefer recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho e deixou de fazer parte dos ativos e passivos da massa falida. Em 2008, foi determinado o lacramento do pátio.

OCB ? Organização das Cooperativas Brasileiras