16/04/09

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, em audiência pública na Câmara dos Deputados, que o governo está pronto para anunciar novas reduções de impostos, com objetivo de baixar preços, estimular a produção, o consumo e a geração de empregos. Ele destacou os setores de carnes e têxtil entre os possíveis beneficiados. A Receita Federal confirmou estudos de corte de metade do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), por três meses, de geladeiras, fogões, máquinas de lavar e tanquinhos. Além disso, o preço do diesel também cairá de acordo com a variação dos custos no mercado externo.
Pelos cálculos dos técnicos da Receita, já nas mãos do ministro, a desoneração dos eletroeletrônicos da chamada linha branca causaria perda de arrecadação de R$ 264 milhões ao longo dos 90 dias, se a redução for de 50%. ?Temos feito desonerações, e continuaremos, especialmente para aqueles setores que têm efeito mais rápido?, declarou o ministro.
?A gente tem que promover ações setoriais para resolver os problemas e tomar medidas que barateiem a produção. A desoneração do IPI a gente não anuncia antes. Anuncia depois, para não prejudicar o setor?, acrescentou Mantega.
EM QUEDA
Representantes dos segmentos que podem ser beneficiados pelas novas desonerações preferem aguardar o pronunciamento oficial do governo. A Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) não quis comentar a medida. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) recebeu com surpresa as declarações do ministro. Dados da instituição demonstram que, somente nos primeiros dois meses de 2009, as importações caíram 41,66%.
Presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto afirmou que qualquer medida virá em boa hora para o setor e para a sociedade. ?É preciso ação, como a adotada no setor automotivo?, disse Camargo Neto, referindo-se ao IPI reduzido que reduziu o preço dos carros zero.
?Toda a sociedade sairá ganhando?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, para tratar da redução do preço do diesel, na segunda-feira. Ontem, Gabrielli afirmou que não há sinais de estabilidade nos preços externos, o que determina os preços no mercado doméstico.
O presidente da Associação Brasileira de Transportes de Carga, Nilton Gibson, afirmou que o setor sofreu uma retração de 30% na crise. O peso do combustível sobre o frete é de até 50%. ?O custo do diesel sobre o frete é muito alto. E o nosso diesel é o mais caro do mundo?, queixa-se Gibson. ?Se houver redução, toda a sociedade sairá ganhando, pelo recuo no preço dos fretes. Alimentos, minério, combustíveis e outros setores dependem dele. A medida pode promover o famoso efeito cascata, garantindo empregos em diversos setores, porque vai fomentar a economia e o consumo?, afirma o presidente da associação de carga.

O Dia – RJ