Governo eleva para US$ 180 bi meta de exportações em 2008
04/03/08
Diante de um cenário no qual as importações crescem mais do que as vendas ao exterior, o governo elevou ontem a meta de exportações para este ano de US$ 172 bilhões para US$ 180 bilhões. O anúncio foi feito no mesmo dia em que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) divulgou o resultado da balança comercial de fevereiro: superávit de US$ 882 milhões, queda de 69,6% em relação ao verificado no mesmo mês de 2007. O saldo foi resultado da diferença entre US$ 12,800 bilhões de exportações (alta de 19,7%) e US$ 11,92 bilhões de importações (alta de 56,2%). No acumulado do ano, o superávit totalizou US$ 1,83 bilhão, 66,3% menor na comparação com o mesmo período do ano passado, fruto de US$ 26,08 bilhões de vendas e US$ 24,25 bilhões de compras do exterior. `A tendência é de aumento das exportações e mais ainda das importações. As importações são decorrência do crescimento da economia brasileira. Mas, esperamos que as exportações voltem a crescer de forma muito mais acelerada`, comentou o secretário de Comércio Exterior do Mdic, Welber Barral. Segundo o secretário, o governo decidiu aumentar a meta de exportações porque nos últimos meses cresceram muito os investimentos realizados por empresas de setores exportadores, como mineração, siderurgia, agronegócio, químicos e celulose. A oferta desses produtos deve crescer. Além disso, as agências internacionais de classificação de risco continuarão a promover a imagem brasileira, o que deve atrair investimentos para o país. O Ministério do Desenvolvimento levou também em consideração as perspectivas de alta dos preços das commodities e a expectativa de aquecimento do mercado internacional de aviação. Concluiu ainda que o desaquecimento da economia dos Estados Unidos tem sido compensado pelo crescimento de outros países, como Rússia, China e Argentina. `Os embarques de soja, açúcar, fumo e farelo só começam a partir de março`, complementou Barral. `Esses cenários nos permitem ser bastante otimistas.` Para o secretário, além do aquecimento do mercado doméstico, o avanço das importações é reflexo natural do aumento das exportações. As empresas estão ampliando as compras de máquinas e equipamentos para aumentar a capacidade de produção. Compram também de fornecedores estrangeiros insumos com preços melhores do que os encontrados no mercado nacional. A valorização do real frente ao dólar também impulsiona as importações. Em fevereiro, as importações de bens de capital cresceram 58,1% na comparação com o mesmo período de 2007, para US$ 2,44 bilhões. As compras de matérias-primas e produtos de consumo subiram respectivamente 53,9% (US$ 6,01 bilhões) e 43,2% (US$ 1,44 bilhão). Esses números também refletem a alta do preço do petróleo e embarques de trigo argentino liberados no fim do ano passado. As importações de automóveis somaram US$ 243 milhões, alta de 93,5%. Segundo Barral, tal crescimento deve-se ao aumento das compras de carros da Argentina, no México e na Coréia do Sul, e ao interesse das concessionárias brasileiras pelos modelos novos dos carros produzidos fora do país. Há ainda efeitos sazonais. O setor de fertilizantes demandou mais enxofre (alta de 446%, para US$ 42 milhões) e a indústria siderúrgica comprou mais carvão (alta de 344%, para US$ 53 milhões). Por causa da Semana Santa, as importações de bacalhau subiram 103%, totalizando US$ 57 milhões. Já os destaques entre as exportações foram gasolina, aviões, ferro gusa, etanol e frango. Apesar da redução de 58% das vendas de petróleo no mês, o governo espera que os embarques da commodity registrem alta de 15% neste ano. Apesar da desaceleração da economia americana, o crescimento das exportações brasileiras para os Estados Unidos acelerou no primeiro bimestre do ano. `O Brasil está recuperando mercado`, diz. Nos primeiros dois meses do ano, os embarques aos EUA cresceram 7,6% em relação a 2007, para US$ 3,92 bilhões. Em fevereiro, as exportações somaram US$ 2,01 bilhões, alta de 5,6%. No ano passado, com vendas totais de US$ 25,31 bilhões, o aumento foi de 2,2%. As mercadorias responsáveis pelo avanço foram combustíveis, produtos siderúrgicos, aviões, máquinas e equipamentos, celulose, produtos químicos e pneumáticos. A expectativa do governo brasileiro é que esse movimento se consolide nos próximos meses. Em outros mercados, o crescimento das vendas brasileiras foi mais expressivo. As exportações para os países do Mercosul, por exemplo, registraram alta de 42,7% em fevereiro na comparação com o mesmo mês do ano passado, somando US$ 1,59 bilhão. Os embarques rumo à Argentina totalizaram US$ 1,32 bilhão, expansão de 40,5%. Já as vendas para países asiáticos e africanos aumentaram 32,5% e 29,1%, para respectivamente US$ 1,98 bilhão e US$ 661 milhões. `Os EUA são um mercado muito competitivo. É natural que o crescimento seja menor do que em outros mercados`, explicou. As compras de produtos americanos também subiram, 34,7% para US$ 3,60 bilhões no primeiro bimestre. Além de refletir a tendência atual do comércio exterior brasileiro, a alta deve-se também ao comércio entre diferentes unidades da mesma empresa
Gazeta Mercantil