GME4 analisa minério para produção de refratários
24/10/08
Salvador, 24 de Outubro de 2008 – Depois da descoberta da jazida de ferro de Caetité, no Sudoeste Baiano, com reserva estimada em quatro bilhões de toneladas do minério e negociada com o investidor indiano Pramod Agarwal, em 2006, por centenas de milhões de dólares – o valor oficial é mantido em sigilo por contrato, mas fala-se em cerca de US$ 460 milhões -, o geólogo baiano João Carlos Cavalcante está em uma nova investida, um complexo minero-industrial que pretende implantar na cidade de Santa Maria da Vitória, a 916 quilômetros de Salvador. Na região, Cavalcante descobriu uma reserva de dolomita, mineral de carbonato de cálcio e magnésio, utilizado como fonte de magnésio e na fabricação de materiais refratários básicos utilizados na indústria siderúrgica. O objetivo do geólogo é criar um complexo integrado para produzir clínquer (insumo para produção de cimento), refratários básicos, magnésios metálicos, carbonatos de cálcio natural e precipitado, corretivos de solo, cal virgem e desidratado.
O projeto vem sendo tocado pela GME4, na qual detém participação em sociedade com o Grupo Opportunity. “Estamos em fase de pesquisa e mapeamento geológico nas áreas e iniciaremos os ensaios tecnológicos em janeiro”, diz JC, como também gosta de ser identificado. O investimento para a implantação do complexo é de US$ 1,2 bilhão. Segundo o empresário já há interessados.
“A dolomita de Santa Maria da Vitória é similar a da Alemanha, e de Ohio, nos Estados Unidos.”
Mesmo com a crise financeira internacional atingindo o setor mineral, o empresário diz que a implantação do complexo de Santa Maria da Vitória se dará em três anos. “É o tempo em que sai o primeiro trecho da Ferrovia Oeste Leste, o que facilitará bastante a logística do empreendimento”, afirma confiante.
Minério de ferro
Por meio da GME4, João Carlos Cavalcante lança oficialmente, no dia 14 de novembro, em Teresina, a descoberta de uma nova jazida de ferro, dessa vez, no Piauí. Segundo ele, a reserva é de 1 bilhão de toneladas do minério. “O Piauí é o novo destino mineral do País”, afirma.
Já a reserva de níquel, encontrada em Goiás, cuja expectativa é de 500 mil toneladas, está com o projeto suspenso devido à queda do preço do minério, que inviabiliza o projeto do Complexo Canabrava. Mas Cavalcante garante que os outros estão em andamento. “Há uma desaceleração nos projetos das commodities minerais, a exemplo do cobre, níquel, alumínio e zinco, por causa da queda de preços, mas o minério de ferro continua com demanda alta.”
O geólogo baiano nascido em Caculé, a 782 quilômetros de Salvador, também mantém sociedade com a Votorantim Novos Negócios nas companhias Sulamericana de Metais S/A, que atua na prospecção e exploração de ferro, e Base Metals, voltada para metais básicos. Essa empresa já descobriu uma jazida de níquel com reservas de 140 milhões de toneladas, em Tocantins.
Bahia Mineração
A jazida descoberta em Caetité depois de vendida transformou-se no complexo minero-industrial Bahia Mineração, com previsão de entrar em operação em 2011. Os investimentos na construção do projeto envolverão recursos acima de US$ 2 bilhões. Quando entrar em operação, a mina deverá produzir, anualmente, 25 milhões de toneladas de minério. As previsões iniciais são de que as reservas alcancem 4 bilhões de toneladas de minério.
O projeto Pedra de Ferro prevê a instalação de um complexo, composto de sistema de suprimento de água industrial, mina, unidade de concentração de minério, mineroduto de 430 km e um terminal privativo de embarque no Porto Sul, em Ponta da Tulha, Ilhéus. O mineroduto passará por 17 municípios entre Caetité e Ilhéus. Em Ponta da Tulha, haverá estrutura portuária para escoar a produção, inicialmente para exportação.
No momento, as equipes da empresa estão demarcando as áreas onde será extraído o minério. A construção envolverá a criação de 6 mil postos de trabalho. A partir das operações, em 2011, a mineradora irá gerar aproximadamente 1,3 mil empregos diretos e por volta de 2 mil indiretos, o que será importante para o desenvolvimento da região de Caetité e do estado da Bahia.
Para garantir a exportação do minério de ferro, que terá como destino principal a Ásia, a Bahia Mineração viabilizará um novo terminal privativo de embarque na cidade de Ilhéus, na área conhecida como Ponta da Tulha. A estrutura contará com um píer de 2,5 quilômetros de extensão e dois berços de atracação com capacidade para embarcar até 70 mil toneladas/dia.
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 7)(José Pacheco Maia Filho)
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