Gestão de riscos é primordial nos programas de segurança de processos
01/09/22
O tema será debatido durante a 9ª Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processos, que acontecerá no Rio de Janeiro, de 18 a 20 de outubro
Programas de segurança de processos ganham cada vez mais espaço nos diferentes segmentos da indústria. A concepção de um projeto, a construção e montagem das instalações passam pela forma como se opera e se mantém ativo ao longo de sua vida útil, até que seja finalmente descomissionado. São programas que envolvem uma série de atividades complementares e inter-relacionadas. E em todas as fases são primordiais as análises sistemáticas de riscos de processo para identificação de novos riscos potenciais.
Especialistas de diversos segmentos industriais, como a mineração e petroquímica, se reunirão para debater sobre a temática na 9ª Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processos, coorganizada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e o Center for Chemical Process Safety (CCPS), nos dias 18, 19 e 20 de outubro, no Rio de Janeiro (RJ). Clique aqui para fazer a inscrição.
Para o diretor industrial da Braskem, Gilfranque Leite, um dos palestrantes da Conferência, a gestão dos riscos “deve ser compromisso de toda organização, começando com o firme empenho da alta liderança, que deve manter o foco no tema, garantir a robustez dos processos e os recursos necessários, e com isso fomentar a cultura necessária para manter o engajamento e os resultados a curto, médio e longo prazo”, ressalta.
O diretor ainda destaca como a cultura de segurança é fundamental para que o programa de segurança de processos funcione de forma adequada. “É essa cultura que direciona o foco e contribui para que as decisões que os funcionários tomam todos os dias estejam na direção de aumentar a segurança das pessoas e instalações. Criar essa cultura abrangente e resiliente é o maior desafio”, diz.
Gilfranque Leite também fala sobre a evolução e os desafios relevantes para o gerenciamento dos programas de segurança de processos na indústria petroquímica. Veja a seguir a entrevista completa do diretor Industrial da Braskem:
- Quais os principais pontos devem ser considerados nos programas de Segurança de Processos?
O tema é amplo, com vários aspectos que se interrelacionam para a melhoria dos padrões e resultados de Segurança de Processo das operações. Destacaria a abrangência, a qualidade e a periodicidade de revisão dos estudos de riscos, o processo de priorização de cenários para mitigação e o monitoramento de barreiras de segurança de processo como as etapas mais críticas de um programa de SEPRO. Entretanto, vários outros aspectos precisam ser considerados em um programa abrangente, como: mecanismos para incorporação de boas práticas de engenharia e aprendizados da indústria, capacitação das pessoas envolvidas, gestão de mudança de instalações, pessoas e processos de trabalho, gestão de eventos (incidentes/acidentes), inclusas investigações e análises de abrangências, indicadores de segurança de processo proativos e reativos, por exemplo.
2- A indústria petroquímica está em constante evolução e, além da sustentabilidade, a segurança operacional é um dos principais pilares no crescimento do setor. Como você avalia a evolução no gerenciamento de segurança de processo?
A segurança de processos há décadas tem papel central na indústria petroquímica. Evolui constantemente, na medida em que os aprendizados com os eventos de processo são compartilhados e os padrões de engenharia e de seguradoras, referências técnicas (API, ASTM, CCPS, NFPA, ABNT, ASME etc.) e requisitos regulatórios (exemplos, risco social (curva FxN e risco individual) são atualizados em função desses aprendizados e adotados pela indústria.
3- Poderia falar um pouco sobre a importância da liderança e a cultura de segurança de processos?
Como disse, a segurança de processo depende de uma série de atividades complementares e inter-relacionadas, que vão desde a concepção, projeto e construção/montagem das instalações, passa pela forma como se opera e se mantém o ativo ao longo de sua vida útil, até que seja finalmente descomissionado. Em todas essas etapas, as análises sistemáticas de riscos de processo para identificação de novos riscos potenciais (na medida que o conhecimento sobre o tema se acumula ao longo dos anos de operação do ativo) e a implementação das ações de mitigação são fundamentais para o aumento constante da segurança das instalações. Deve ser compromisso de toda organização, começando com o firme empenho da alta liderança, que deve manter o foco no tema, garantir a robustez dos processos e os recursos necessários, e com isso fomentar a cultura necessária para manter o engajamento e os resultados a curto, médio e longo prazo.
- Segurança de Processo envolve todos os setores e funcionários de uma empresa. Quais os maiores desafios para o gerenciamento dos programas?
Segurança de processo não é uma entrega pontual de uma área da empresa. Ao invés disso é o resultado da aplicação de um programa abrangente e de longo prazo, que requer processos robustos, disciplina na execução e acompanhamento. Para que isso funcione de forma adequada, a cultura de segurança é fundamental. É essa cultura que direciona o foco e contribui para que as decisões que todos os funcionários tomam o tempo todo, todos os dias, estejam na direção de aumentar a segurança das pessoas e instalações. Criar essa cultura abrangente e resiliente é o maior desafio.
- Qual importância de se debater este tema na 9ª Conferência Latino-Americana sobre Segurança de Processos e como eventos como esse podem contribuir na evolução da Segurança de Processos no Brasil?
Este evento técnico é um dos mais relevantes relacionados ao tema segurança de processos que ocorrem no Brasil, pois conta com a participação de profissionais de diferentes segmentos industriais, órgãos regulatórios, universidades e consultorias, proporcionando grande troca de experiências e compartilhamento de aprendizados entre os participantes, e contribuindo, desta forma, para a melhora de padrões e gestão de riscos de processo adotados pelas empresas.