Gerdau e CSN voltam-se mais para minérios
16/06/08
Duas das maiores siderúrgicas brasileiras, a Gerdau e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), declaram ontem que têm a intenção de aumentar a exploração do minério de ferro. A Gerdau quer produzir para o próprio consumo; já a CSN tem maiores ambições e quer se tornar uma grande fornecedora mundial.Hoje, a Gerdau tem produção própria de 20% a 30% da sua necessidade. Pretende crescer essa porcentagem para 80% nos próximos anos. A CSN produz 15 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.Segundo Juarez Saliba, diretor de mineração da CSN, a empresa vai investir US$ 2,5 bilhões durante os próximos dois anos para esta finalidade. Vai começar a operar, até 2010, uma usina de pelotização com capacidade de produção de seis milhões de toneladas ao ano de minério de ferro, perto de sua mina Casa de Pedra, a terceira maior mina de minério de ferro do Brasil. A empresa também está estudando a possibilidade de explorar três outros depósitos minerais fora do Estado de Minas Gerais e um quarto na África. A aposta no minério de ferro vem depois que a CSN saiu vitoriosa da batalha jurídica travada com a Vale, a líder do setor, em torno da produção da Casa de Pedra. A CSN assinou esta semana um contrato de fornecimento por 25 anos com a Gulf Industrial Investment Co., sediada no Barein, ex-cliente da Vale.”Em dois ou três anos, seremos tanto uma empresa siderúrgica quanto de mineração”, disse Saliba. A companhia está “examinando alvos de mineração muito interessantes, tanto dentro do Brasil quanto na África, continente que oferece excelentes oportunidades em termos de mineração e de recursos minerais”.GerdauO presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, declarou ontem, durante o Congresso da Indústria 2008, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a decisão de atuar mais fortemente no segmento de mineração.Segundo ele, a medida se deve à necessidade de “balancear a relação entre consumo e produção” e que cada companhia deve avaliar individualmente a iniciativa. “É uma opção empresarial, assim como a Vale participa hoje de projetos siderúrgicos”, disse Gerdau, também em resposta às recentes críticas do presidente da Vale, Roger Agnelli, feitas depois do aumento da produção de minérios entre as siderúrgicas brasileiras.Um dos futuros investimentos da Gerdau está no sertão baiano. A empresa entrou em maio com um pedido junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) da Bahia para pesquisar uma jazida do mineral na região de Jussiape, a 760 km de Salvador. O aporte promete ser de US$ 20 milhões na fase inicial, segundo o órgão.O motivo da escolha do estado se deve, segundo o presidente do conselho da Gerdau, à proximidade da jazida com a usina siderúrgica da companhia, localizada no Centro Industrial de Aratu, em Simões Filho, a 21km da capital. “Não teria sentido explorar o ferro em outro estado. Nada mais natural reunir todo o processo em uma só localidade. Dessa forma, otimizamos a produção e logística de transporte”, afirmou o executivo.Jorge Gerdau declarou que a companhia não tem a intenção de fechar novos negócios no exterior a curto prazo. “Apesar de os ativos estarem baratos nos Estados Unidos, não temos planos de promover novas aquisições lá ou em outra localidade, por enquanto”, afirmou.O executivo disse que, agora, a empresa prefere analisar as ofertas e oportunidades com um pouco mais de cautela. Ele não admitiu, no entanto, uma desaceleração do projeto de internacionalização da Gerdau, que possui unidades na América do Norte, América Latina, Europa e Ásia.O último acordo fechado pela Gerdau foi em abril, uma sociedade com a Corporación Centroamericana del Acero, a maior produtora de aço da América Central. A aliança consolidou a entrada da siderúrgica no mercado daquela região. A participação da brasileira foi acertada em 30%, com a promessa de investir US$ 180 milhões nas operações da empresa. A Gerdau possui também uma siderúrgica e quatro unidades de laminação, na Guatemala e em Honduras.O ferro acumulou nos últimos cinco anos um aumento de 189% e as fabricantes do material, essencial para a indústria, começaram a desenvolver planos estratégicos para não sofrerem tanto com os altos custos.O movimento de verticalização do setor siderúrgico no Brasil ganhou contornos mais expressivos ontem com anúncios da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e do Grupo Gerdau de que pretendem investir mais forte em mineração a partir de agora.A Gerdau quer produzir minério para seu próprio consumo. Já a CSN mostra-se mais ambiciosa; depois de ganhar a briga na Justiça contra a Vale pela produção da terceira maior mina de minério de ferro do Brasil, a Casa de Pedra, o diretor Juarez Saliba afirmou que a empresa vai investir US$ 2,5 bilhões durante os próximos dois anos para se tornar um grande exportador mundial.Até 2010, a CSN vai começar a operar uma usina de pelotização com capacidade de produção de seis milhões de toneladas ao ano de minério de ferro.O plano é colocar a pelotizadora ao lado da Casa de Pedra, para reduzir custos e aproveitar a logística. A empresa estuda, ainda, a possibilidade de explorar três outros depósitos minerais fora do Estado de Minas Gerais e um quarto na África.A Gerdau tem produção própria de 20% a 30% da sua necessidade de minério de ferro. Pretende crescer essa porcentagem para 80% nos próximos anos, segundo disse o presidente do conselho de administração do grupo, Jorge Gerdau Johannpeter. “É uma opção empresarial, assim como a Vale participa hoje de projetos siderúrgicos”, disse Gerdau, em resposta às recentes críticas do presidente da Vale, Roger Agnelli, sobre a verticalização das siderúrgicas.Agnelli é aguardado hoje em São Paulo para reunião com analistas do sistema financeiro. O mercado quer saber que empresa a Vale planeja comprar. Entre as mais cotadas estão Norsk Hydro, Anglo American, Alcoa e Freeport-McMoRan. Segundo analistas do JPMorgan Chase & Co. disseram ontem, será “mais provavelmente” a Freeport.No exterior, o setor também se movimenta: as ações do Rio Tinto Group, terceira maior mineradora do mundo, tiveram sua maior alta de quase dois meses no pregão da Bolsa de Londres depois de ser divulgada notícia de que a BHP Billiton Ltd. deverá elevar sua oferta pela compra do Rio Tinto.De acordo com a informação, a BHP deverá melhorar sua oferta para quatro ações por uma do Rio Tinto, grupo cujo valor de mercado é estimado atualmente em cerca de US$ 168 bilhões.
DCI