Fusões somam US$ 36 bilhões e já superam valor de 2007
14/08/08
SÃO PAULO – O mercado de fusões e aquisições está em crescimento no Brasil, tanto pelos investimentos de empresas estrangeiras no mercado doméstico quanto pelo movimento inverso. Essa constatação pode ser confirmada pelo número de fusões e aquisições até junho de 2008, quando foram feitas 90 operações que geraram US$ 36,11 bilhões, valor 13% superior ao resultado das fusões e aquisições registradas em todo o ano passado, segundo pesquisa do Mergermarket. Em 2007, este mercado movimentou US$ 31,98 bilhões em 205 operações.Empresas dos setores de energia, mineração e petróleo estiveram envolvidas nas maiores transações de fusão e aquisição do ano passado. Somadas, totalizam mais de US$ 16 bilhões em 112 operações. Segundo o chefe da divisão da América Latina da Mergermarket, Oliver Hill, o maior acesso ao capital depois dos anos 80 e a expansão do crédito estimularam as empresas brasileiras nas fusões e aquisições. Segundo ele, a crise internacional e o enfraquecimento das empresas estrangeiras estimulam companhias nacionais a fazerem fusões e aquisições no exterior. A desvalorização do dólar também trouxe um momento oportuno a esse tipo de operação.”Na América Latina, por exemplo, e principalmente na Argentina, um dos maiores focos de empresas brasileiras é o câmbio baixo”, diz o presidente e diretor executivo da Zanella Hnos, Walter Steiner. Outro fator que possibilitou maior número de fusões e aquisições do Brasil no mercado doméstico e no exterior são os recursos disponibilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). A instituição apóia as empresas, provendo funding em todas as etapas da cadeia de desenvolvimento do mercado. Dados do BNDES apontam a que a carteira da instituição está avaliada em R$ 85 bilhões, movimentando em volume de investimentos, até março de 2008, de R$ 700 milhões. A maior parte da carteira do BNDES, cerca de R$ 80 bilhões, é constituída por ações líquidas; o restante divide-se em fundos e debêntures. “Novos fundos também estão interessados em atuar nesse mercado”, diz o gerente de Operações Estruturadas da área de Mercado de Capitais do BNDES, Sérgio Foldes.O BNDES também apóia estratégias de investimentos em fusões e aquisições de empresas nacionais no exterior, com recursos de ações em renda variável ou instrumentos de private equity. Segundo Foldes, os recursos do BNDES são fundamentais para a força das fusões e aquisições, fortalecendo o mercado de capitais por meio de operações no Novo Mercado. “Os principais focos das empresas brasileiras no exterior são os setores de siderurgia, mineração, telecomunicação, industrial e financeiro”, afirma.As empresas estrangeiras, por sua vez, estão mais confiantes no Brasil. Segundo a diretora-gerente da Standard & Poor”s Brasil, Regina Nunes, desde 2004, o Brasil apresenta melhor ambiente institucional, seja no mercado privado, seja na dinâmica de superar problemas de burocracia. Segundo ela, depois da conquista do grau de investimento, o Brasil tem igual ou melhor oportunidade no mercado de fusão e aquisição em comparação aos demais países com grau de investimento. Outro fator que leva empresas estrangeiras a investirem no mercado nacional é a clareza da regulação de fusões e aquisições na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo o sócio corporativo da Veirano Advogados, Ricardo Veirano, o modelo da regulação da CVM é inspirado no americano, facilitando o entendimento do investidor externo, o que traz mais segurança às operações.No Brasil, as empresas estrangeiras estão interessadas, em primeiro lugar, no setor de infra-estrutura, de varejo, e no mercado imobiliário. Para facilitar as operações de fusão e aquisição, é preciso mais evolução no modelo de due diligence. Segundo o diretor do grupo Hay, Jean-Marc Laouchez, as empresas do mercado global precisam dar mais importância à análise do capital humano, além do financeiro. Segundo ele, essa é uma mudança no processo cultural. “Saber como é o relacionamento dentro da empresa facilitará as operações de compra e de avaliação do futuro da empresa”, diz Laouchez.As operações de fusão e aquisição somaram US$ 36,11 bilhões até junho, valor 13% superior ao resultado das fusões e aquisições registradas em todo o ano passado, segundo pesquisa do Mergermarket.
DCI