Fundos de ações voltam à mira do investidor
26/02/08
Apesar da atual volatilidade que toma conta dos mercados financeiros nacional e global, investir em ações pode ser lucrativo. Analistas e consultores de investimentos ouvidos pelo DCI deixam claro que diversificar as aplicações sempre foi e continuará sendo uma atitude sadia, mas o aplicador deve tomar alguns cuidados, principalmente sobre o mercado de ações.”No curto prazo, o que esse aplicador irá encontrar é um quadro de extrema volatilidade e de preços não tão atrativos como os observados em janeiro, por exemplo”, alerta Ronaldo Patah, diretor de renda variável do Unibanco. Já no médio e longo prazo, afirma Patah, sempre é bom aplicar em ações.”Num cenário de juro baixo, inflação domada e de perspectiva de crescimento, o ideal é diversificar. Para quem tem um perfil conservador na hora de investir, vale aplicar 10% dos recursos em ações. Para os moderados, entre 20% e 30%. Já para os investidores agressivos, que não vão precisar do dinheiro tão rápido, entre 30% e 50% do dinheiro em ações”, recomenda Patah.Fernando Herrmann, consultor de investimentos da Corretora Geração Futuro vai na mesma direção que Patah. “No longo prazo, a opção de investir em ações é plenamente válida”, afirma. “Continuamos apostando nos bons resultados corporativos das empresas brasileiras diante de excelentes desempenhos obtidos em 2007, os quais estão se refletindo hoje e continuarão assim até o fim do ano”, diz Herrmann.Apesar do otimismo, o consultor atesta que “o momento da bolsa paulista não está tão bom hoje quanto estava em janeiro”. “Os preços das ações estavam muito depreciados no começo do ano, abrindo-se grandes oportunidades de compras e valorizações expressivas em papéis de alta performance como os da Vale;e Petrobras”, destaca.Segundo Herrmann, a Bolsa deve ser vista sempre como uma opção de investimento de longo prazo e, nesse sentido, as chances de obter bons lucros é grande”.Mas o investidor deve fazer essa opção diretamente em Bolsa ou pode entrar em fundos de ações? Nas últimas semanas, em conseqüência do desempenho do mercado, esses fundos registraram ótimas performances.”Aqui eu recomendo os fundos de ações indexados ao IBX”, afirma Ricardo Patah. Mas porque essa predileção pelo IBX e não pelo Ibovespa, por exemplo?Segundo Patah, o IBX é um índice de ações mais “bem feito” que o Ibovespa. “Ele é construído em cima do tamanho das empresas, diferentemente do Ibovespa que é montado em cima do volume de negociações em Bolsa”, diz.Dados da Anbid apurados pelo DCI parecem corroborar com essa questão técnica apontada pelo diretor de renda variável do Unibanco.Os fundos IBX Ativo com Alavancagem (que oferecem maiores riscos, com possibilidade de perda superior ao capital investido) lideram o ranking de rentabilidade dentre 12 famílias de fundos do gênero existentes para aplicação junto ao mercado, com retorno de 8,16% até o último dia 22, ante 8,08% dos fundos Ibovespa Ativo com Alavancagem.Nos últimos 30 dias, os IBX Ativo deram retorno de 11,02% ante 10,70% dos Ibovespa Ativo. Numa série mais longa, de 360 dias terminados em 22 de fevereiro, os IBX Ativo deram retorno de 46,24% aos aplicadores. No mesmo período, os Ibovespa Ativo pagaram 32,43%.Num pequeno resumo, os analistas de mercado destacam, portanto, que aplicar em fundos de ações é plenamente válido para o médio e longo prazo – pois os preços das ações teriam atingido um patamar não tão convidativo como em janeiro último. Caso a opção de retorno seja no curto prazo, o aplicador deve ficar preparado para altos e baixos devido à intensa volatilidade do mercado.Num segundo momento, o aplicador deve escolher qual o melhor indexador para o seu fundo de ações. No caso, o IBX – que pode ser classificado em IBX 100 e IBX 50 (que mede o tamanho das 100 maiores empresas listadas em bolsa e as 50 maiores, respectivamente)-, ganha daqueles que usam como indexador o Ibovespa (com 64 ações).Mas quais os papéis que devem figurar dentro desses fundos, para que o aplicador tenha maior margem de segurança em sua decisão de investimento?”Nesse quesito, dois papéis são imprescindíveis: Petrobras e da Vale do Rio Doce”, afirma Patah.O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), acumula um tímido avanço de 1,71% em 2008, mas o desempenho das ações do setor de bancos surpreende pelo lado negativo – mesmo com todos os recordes de lucro, as ações dessas instituições financeiras é bem pior que o da Bolsa, com queda de 7,45% na média.A queda é atribuída à crise externa, que levou os investidores estrangeiros a vender ações de bancos, mesmo com os excelentes resultados das instituições financeiras. Além disso, os aplicadores consideraram que os lucros, embora expressivos, foram inflados por receitas extraordinárias nos casos dos maiores bancos privados – Bradesco, Itaú e Unibanco. Para Clodoir Vieira, da Corretora Souza Barros, a queda das ações do setor bancário pode ser explicada pelos recentes aumentos das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que vai vigorar a partir de abril.Os fundos de ações voltam a subir e lideram a rentabilidade nesse segmento, segundo levantamento da Anbid (associação dos bancos de investimento). Os papéis de siderurgia são um dos destaques.
DCI