Fortescue vê pico na demanda por ferro
18/07/11
O bilionário australiano Andrew Forrest está deixando;o cargo de diretor-presidente da Fortescue Metals Group Ltd., justo quando a empresa de mineração embarca numa nova e arriscada estratégia.
A Fortescue está investindo mais de US$ 8 bilhões ao longo de dois anos para triplicar sua produção de minério de ferro na remota região de Pilbara, no oeste da Austrália, que já fornece 40% de todo o metal que é comercializado no mundo. A estratégia ganha impulso num momento em que a demanda por commodities da China, principal cliente da Fortescue, está diminuindo.
Ao mesmo tempo, os principais rivais da Fortescue, as também australianas BHP Billiton Ltd. e Rio Tinto PLC, também estão ampliando suas minas em Pilbara, o que aumenta os temores de um excesso de oferta de minério de ferro no curto prazo.
;Forrest, considerado o homem mais rico da Austrália, continuará como presidente do conselho da Fortescue, empresa que ele transformou de uma mineiradora novata há menos de dez anos em um colosso de US$ 21 bilhões.
;O executivo, de 49 anos, enfrenta desafios em diversas outras frentes. Em fevereiro, quando um tribunal federal australiano declarou que Forrest havia praticado conduta enganosa ao alegar, em 2004 e 2005, que a Fortescue tinha assinado contratos com empresas chinesas, quando tais pactos eram apenas acordos preliminares. Nenhuma multa foi definida. A Fortescue informou que vai apelar da decisão, o que poderia resultar no afastamento de Forrest do conselho da empresa.
;Forrest conversou recentemente com o Wall Street Journal na sede da Fortescue, em Perth.
;A seguir, alguns trechos editados:
;The Wall Street Journal: Quanto tempo ainda falta para que cheguemos ao pico do boom das commodities?Andrew Forrest: Acho que a oferta excederá a demanda no curto ou médio prazos. Vemos um esfriamento dos preços do minério de ferro, mas ainda há a capacidade de manter uma margem substancial para justificar os gastos de crescimento.
;WSJ: O sr. acha que a política de aperto monetário da China terá um impacto imediato na demanda por recursos australianos?Forrest: Não, não vai. A China está apenas mantendo o crescimento em um nível estável. Ela não quer que saia do controle. O governo quer um crescimento de um dígito alto, ou de dois dígitos baixos, de forma que seja totalmente sustentável e, tanto quanto possível, equitativo em toda a China.
;WSJ: Quais são as pressões de custo que o sr. está vendo na sua indústria?Forrest: As maiores pressões de custo sobre nossos negócios são os preços de combustíveis e os impostos. A iniciativa que torna a Austrália menos competitiva através do Imposto de Aluguel de Recursos Minerais [que é um imposto sobre os lucros] e a tarifa sobre a emissão de carbono são as únicas ameaças aos negócios que realmente preocupam a Fortescue.
WSJ: Os críticos dizem que a Fortescue é um pônei de um truque só porque está intimamente ligada ao minério de ferro. Isso o preocupa?Forrest: Respondo dizendo que se você tiver o melhor pônei do circo inteiro e não houver nenhum outro que se equipare, então por que iria atrás de outro pônei?
;WSJ: Então o senhor não tem planos para se diversificar, seja geograficamente ou em produtos?Forrest: Não. Nós estudamos entre dez e vinte oportunidades em todo o mundo a cada semana. Mas elas teriam que superar um nível elevado de escala, qualidade e margem de lucro em comparação com o que podemos obter (…) em Pilbara.
;WSJ: O senhor já considerou uma oferta de ações no exterior?Forrest: Consideramos os mercados de Xangai e Hong Kong o tempo todo. Estamos mantendo nosso ferro no fogo lá, não tomamos nenhuma decisão no conselho, mas estamos certamente criando a oportunidade.
The Wall Street Journal