Fila de espera até para máquinas
04/06/07
Demanda por bens de capital causa demora na entrega de até seis meses e abre espaço para reajuste de preçosA corrida das indústrias para atender à crescente demanda do mercado interno já provoca filas de espera de até seis meses para entrega de bens de capital, como máquinas e equipamentos, caminhões e implementos rodoviários. A demora afeta principalmente os planos de expansão de empresas de açúcar e álcool, construção civil e mineração, que vivem um momento de franca prosperidade.Além dos atrasos, a procura maior que a oferta já abre espaço para aumento de preços . `Os fornecedores de insumos básicos, como aço carbono, aço inox e alumínio, elevaram seus preços entre 10% e 15%`, diz Rafael Wolf Campos, sócio-diretor da Boreal, fabricante de baús frigoríficos e tanques destinados ao transporte de álcool e gasolina, entre outras cargas líquidas. Segundo ele, o reajuste representou alta de 5% nos custos da empresa, que será repassada aos preços.A Boreal, que trabalha perto do limite de sua capacidade para fazer frente ao crescimento da demanda, que subiu 25% em relação ao ano passado. Mesmo assim, a fila de espera é de quase três meses para entregas. Desde o ano passado, está em curso um projeto para a ampliação da capacidade de produção da Boreal em 40%, o que exige investimento de R$ 2 milhões até 2008.No conjunto das empresas do setor, a fila espera é de 60 dias, em média, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), que é presidida por Campos. `Em alguns casos, como o de implementos canavieiros, o tempo de entrega chega a 120 dias`, diz ele.No primeiro quadrimestre, as vendas para o mercado interno de reboques e semi-reboques canavieiros (destinados ao transporte de cana inteira ou picada) aumentaram 74,4% em relação ao mesmo período de 2006. Na mesma comparação, o crescimento do setor como um todo foi de 30,30%.Esse bom desempenho acompanha o mercado de caminhões, cujas vendas, de janeiro a abril, aumentaram 26,6% em relação a igual período de 2006.O crescimento da demanda superou as previsões das montadoras, que agora não conseguem atender a todos os pedidos dentro dos prazos considerados normais. Na Scania, a demora para entrega de caminhões pesados, usados no transporte de cana, soja e minérios, já chega a seis meses, quando o normal seria de três meses.Mesmo com dois terços da produção comprometidos com a exportação, a montadora conseguiu ampliar as vendas internas em 31% nos quatro primeiros meses do ano. Magnus Borman, diretor de compras, explica que há ainda dificuldades em adquirir alguns componentes, principalmente os importados, pois o mercado internacional também está aquecido.Os fabricantes de máquinas e equipamentos para os setores de infra-estrutura e construção civil também sentem os efeitos do aumento de demanda maior que o esperado. Um bom exemplo disso é a Case Construction, empresa do grupo americano Case New Holland (CNH)A empresa, que fabrica escavadeiras, retroescavadeiras, pás carregadeiras, motoniveladoras e tratores de esteira, deixou de fazer pronta entrega desses equipamentos. Hoje, o prazo mínimo é de um mês, diz o diretor-comercial, Roque Reis.A expectativa inicial da Case Construction para este ano era repetir o volume de vendas de 2006 (7,3 mil máquinas). Diante do aumento dos investimentos em obras públicas e privadas, construção residencial e no agronegócio, a empresa já fala em 9 mil máquinas, das quais 3 mil unidades só de retroescavadeiras. A Case é líder nesse segmento, com 40% das vendas no País. Se a previsão se confirmar, será o melhor ano da empresa no País.`O ano começou bastante forte para o setor já em janeiro`, diz Reis. Normalmente, o mercado só começa aquecer em maio, decaindo a partir de setembro`.A safra recorde de cana-de-açúcar este ano, estimulada pela febre mundial do etanol, trouxe uma onda de investimentos para expandir a produção de açúcar e álcool. A Dedini, única empresa no País capaz de produzir, entregar e montar usinas inteiras para a produção de açúcar e álcool, espera faturar R$ 1,8 bilhão este ano, 50% mais que em 2006 (R$ 1,2 bilhão).A Dedini produz atualmente equipamentos para 43 novas usinas e tem pedidos para 55 que estão em fase de projeto. Outras 189 ainda estão em consulta de orçamento na empresa. Segundo a companhia, os equipamentos estão sendo entregues sem atraso.A demanda por colheitadeiras de cana-de-açúcar também é crescente. Na Case IH, empresa do grupo CNH, a previsão é vender 220 máquinas em 2007, o que representa aumento de quase 44% em relação ao ano passado (153 unidades).`Em dez anos de atuação nesse segmento, nunca registramos um crescimento de demanda tão forte como agora`, diz Fábio Borgonhone, diretor de marketing da empresa. (Fonte: O Estado de S.Paulo/Marcelo Rehder/colaborou CLEIDE SILVA)
Portos e Navios