Fertilizantes: assinado acordo para extração de fosfato no CE
24/07/09
Fortaleza, 23 – O contrato de exploração da jazida de urânio/fosfato de Itataia, em Santa Quitéria, no sertão cearense, foi assinado hoje em Fortaleza pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, o governador do Ceará, Cid Gomes, o presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Alfredo Tranjan Filho, e o presidente do Grupo Galvani, Luiz Antonio Bonagura. A parceria entre a INB e a Galvani é considerada inédita por aliar a exploração do urânio com a extração do fosfato. O contrato entre as empresas tem duração de 25 anos e prevê investimentos da ordem de R$ 800 milhões e geração de 3 mil empregos.Como ainda depende da liberação da licença ambiental por parte do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), não há uma data marcada para o início de funcionamento da usina. O governador Cid Gomes acredita que seja ainda neste ano. Mas o presidente da INB, Alfredo Tranjan Filho, não compartilha do mesmo otimismo. “É complicado”, comentou a ser provocado por Cid Gomes.O ministro Sérgio Rezende atribuiu a demora na exploração da usina de Itataia, descoberta em junho de 1976, ao fato de que por mais de duas décadas o termo nuclear causou receio, associado ao acidente em Chernobil, na Ucrânia. “Mas nesse meio tempo as tecnologias se tornaram mais seguras”, informou. Outro empecilho foi a quantidade de urânio que por si só não justificaria os investimentos. “Há muito mais fosfato do que urânio”, disse. “Daí a necessidade de uma exploração conjunta e a abertura de um processo licitatório para a extração do fosfato que será usado como fertilizante”, completou Rezende.A ideia é impulsionar, a partir do fosfato, a produção de fertilizantes agrícolas e nutrição animal e a geração de energia elétrica a partir do urânio. Toda a produção será para o mercado interno, segundo o ministro. A previsão é que a operação do Consórcio Santa Quitéria significará a quadruplicação da produção de concentrado de urânio usado pela INB na produção do combustível nuclear e um aumento de 10% na produção brasileira de fosfatados. Segundo Bonagura, essa é uma iniciativa estratégica para o Brasil por permitir uma redução nas importações brasileiras de fosfatados, que hoje representam cerca de 50% do consumo nacional.Com a decisão do governo federal de retomar o Programa Nuclear Brasileiro, construindo mais usinas nucleares, a INB buscou, na iniciativa privada, empresas da área de fertilizantes para explorar a jazida.
Agência Estado / Último Segundo