Ferrovias prevêem receber R$ 3,5 bi de aportes
02/07/07
O setor ferroviário, impulsionado pelo incremento de aportes dirigidos à produção de minério de ferro e a maior competitividade do Brasil no segmento agrícola, deve receber mais de R$ 3,5 bilhões de investimentos neste ano. A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) prevê um crescimento de 9,2% do setor, mesmo sem ter recebido, até o momento, investimentos provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.O PAC prevê aportes de mais de R$ 7,8 bilhões até 2010 – R$ 1,6 bilhão apenas neste ano -, o que representa a construção, adequação, duplicação e recuperação de 2.500 quilômetros de ferrovias, em quatro anos. “Nada do PAC foi disponibilizado até agora ao setor. O projeto está num estágio de avaliações, está lento, mas esperamos que, no segundo semestre, haja uma aceleração de investimentos”, comenta Rodrigo Vilaça, diretor executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).Atualmente com uma malha ferroviária de 28 mil quilômetros, Vilaça projeta a expansão de 2.500 quilômetros até 2010, o que considera pouco. Para ele, clientes tradicionais, que transportam cargas como material de construção, químicos e carga geral, devem apresentar maior crescimento neste ano. “A carga conteinerizada deverá crescer mais de 26% neste ano. A Região Centro-Oeste deve receber o maior investimento, em função das novas fronteiras agrícolas e minerais, grandes alavancadores do sistema de ferrovias”, prevê.A MRS Logística, concessionária que controla 1.674 quilômetros da malha, planeja investir R$ 700 milhões este ano. Segundo Henrique Aché Pillar, diretor financeiro de Desenvolvimento e de Relações com Investidores, a MRS deve ampliar em até 15% a movimentação de carga em 2007.Os terminais intermodais representam uma das principais estratégias para a companhia. De acordo com Vilaça, desde 2006, foram inaugurados 46 dos terminais no Brasil. Com as áreas de mineração e siderurgia num ritmo de crescimento acentuado, Aché Pillar ressalta que a movimentação de contêineres e produtos agrícolas também tem obtido destaque. No primeiro trimestre, o segmento agrícola cresceu 60,3% na MRS, ante o mesmo período de 2006.Como próximo passo, a empresa está desenvolvendo operações dirigidas ao setor de cargas frigorificadas, no trecho entre São Paulo e Santos. “É um projeto embrionário. Estamos testando este segmento; ainda não sabemos o que esperar”, ressalta o diretor.AquisiçõesEm março, a MRS financiou, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 241 milhões, a compra de 2.865 vagões e outros equipamentos. Em 2007, o grupo deve adquirir 10 locomotivas novas, 38 usadas e 273 vagões gôndola. Parcerias com empresas de grande porte, como Companhia Fomento Mineral (CFM), Votorantim Metais e Wilson&Sons, também já foram renovadas ou estabelecidas.Já a América Latina Logística (ALL), com quem a MRS mantém aliança para a construção do terceiro trilho no acesso ao Porto de Santos, prevê ampliar a atuação, com foco na capacidade ociosa da malha ferroviária, que está em torno de 80%. Recursos obtidos em 2006 junto a uma linha de investimentos do BNDES, no valor de R$ 1,2 bilhão, para projetos no período 2007-09, devem contribuir com o crescimento.Só neste ano, a estimativa de investimentos da ALL, cuja malha ferroviária totaliza aproximadamente 21 mil quilômetros, é da ordem de R$ 500 milhões. Com o valor, serão recuperadas 40 locomotivas e 1.800 vagões da frota morta da antiga Brasil Ferrovias, além da troca de 20 mil toneladas de trilhos e da instalação de 340 detectores de descarrilamento. Carlos Augusto Moreira, gerente financeiro e de Capital de Giro da ALL, pondera que as regiões Norte e Sul são as que possuem maior capacidade ociosa e devem ter maior crescimento de movimentação nos próximos anos.Assim como a MRS, uma das principais ferramentas que a rede tem utilizado para desenvolver projetos é a atuação em parceria com os clientes, que investem na aquisição de vagões, na instalação de ramais e de terminais próprios. Um dos principais focos de mercado para os próximos anos é o de cana-de-açúcar. Atualmente, o transporte de açúcar a granel é pequeno e o de álcool é `insignificante`, segundo Moreira. Desde o início do ano, a ALL participa de estudos de mercado desenvolvidos por grandes empresas do setor de biocombustíveis, para avaliar a demanda de transporte.”O objetivo da ALL é entrar como parceira em projetos de logística para o setor, que se mostra como uma nova oportunidade”, diz o diretor. A participação provavelmente será com a construção de terminais de carregamento próximo aos trilhos e estruturas modais para o transporte exclusivo dos produtos.A ALL também está intensificando o foco na integração entre a malha ferroviária da América do Sul. O Terminal Intermodal de Uruguaiana (RS), que integra Brasil e Argentina, recebeu este mês uma travel lift (ponte rolante) de R$ 1,4 milhão, equipamento com capacidade para movimentar simultaneamente quatro contêineres.O principal interesse da ALL nos países vizinhos é o setor de produtos industrializados. No chamado “corredor comercial” da América do Sul, 90% das cargas movimentadas são do segmento de siderurgia, para construção civil. As operações se estendem de Bauru (SP) até Corumbá, na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, onde a empresa ainda não tem operações.O setor ferroviário deve receber mais de R$ 3,5 bilhões de investimentos neste ano. A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) prevê um crescimento de 9,2% do setor, mesmo sem ter recebido, até o momento, investimentos provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).A MRS Logística, concessionária que controla 1.674 quilômetros da malha, planeja investir R$ 700 milhões este ano. Segundo Henrique Aché Pillar, diretor financeiro de Desenvolvimento e de Relações com Investidores, a MRS deve ampliar em até 15% a movimentação de carga em 2007. Os terminais intermodais representam uma das principais estratégias para a companhia. De acordo com Rodrigo Vilaça, diretor executivo da ANTF, desde 2006 foram inaugurados 46 dos terminais no Brasil. Além do bom momento vivido por mineração e siderurgia, Aché Pillar ressalta que a movimentação de contêineres e produtos agrícolas também tem tido destaque. No 1° trimestre, o segmento agrícola cresceu 60,3%. Como próximo passo, a empresa está desenvolvendo operações dirigidas ao setor de cargas frigorificadas, no trecho entre São Paulo e Santos. “Estamos testando este segmento”, diz.A América Latina Logística (ALL) prevê ampliar a atuação, com foco na capacidade ociosa da malha ferroviária, que está em torno de 80% depois da incorporação da Brasil Ferrovias. Neste ano, a ALL investirá R$ 500 milhões. Com o valor, serão recuperadas 40 locomotivas e 1.800 vagões da frota morta da antiga Brasil Ferrovias. O PAC prevê aportes de mais de R$ 7,8 bilhões até 2010 – R$ 1,6 bilhão apenas este ano. “Nada do PAC foi disponibilizado até agora ao setor. Mas esperamos que, no segundo semestre, haja uma aceleração de investimentos”, comenta Vilaça.
DCI