EXPOSIBRAM 2017 promove debate sobre formação de preços e potencial de investimento das commodities minerais
19/09/17
O segundo dia da EXPOSIBRAM 2017 (19.9) começou com o debate em torno das perspectivas e tendências para o mercado global de formação de preços e potencial de investimento das commodities minerais. Mediado pelo CEO da Serra Verde Mineração, Luciano Borges, o painel contou com exposições dos renomados especialistas em mercado financeiro Ed Rawle, economista chefe da Wood Mackenzie (USA), Paul Robinson, diretor da CRU Group (Inglaterra), John Mothersole, Diretor de pesquisa IHS Pricing and Purchasing Service (USA), Sigurd Mareels, sócio da McKinsey Company (Bélgica) e Ivano Westin, Diretor Equity Research Credit Suisse (Brasil).
Rawle apresentou um estudo sobre as implicações do consumo em diversos setores que implicam fortemente sobre o mercado de aço e minério de ferro. Segundo ele, a geração millenium está promovendo uma revolução na forma de consumir, influenciando e levando empresas a reverem seus conceitos. “A previsão é de que haja uma baixa, sobretudo no mercado imobiliário residencial, uma vez que as pessoas dessa geração não adquirem imóveis como as gerações passadas. Em compensação, o mercado automotivo tende a se expandir e demandar minério de ferro tanto na produção dos veículos quanto na de maquinário e infraestrutura industrial”, ressaltou.
Outro ponto destacado por Rawle foi a questão do financiamento do desenvolvimento urbano. “Diante do endividamento do setor público, será necessário que a iniciativa privada assuma demandas essenciais ao desenvolvimento social e econômico e que alimenta toda essa cadeia produtiva. As Parcerias Público-Privadas (PPP) já se concretizaram em um meio prático e muito eficaz para viabilização dos projetos”, apontou.
Palestrante de destaque em outras edições da EXPOSIBRAM, Robinson mencionou algumas previsões que ele próprio anunciou durante a edição de 2013 do evento, como as condições desafiadoras que seriam interpostas, com margens menores e consumo desacelerado. “Errei apenas ao ser muito otimista em relação ao preço do minério de ferro. Quando falamos em mercado de investimentos, é melhor ser menos otimista para se proteger melhor”, relativizou.
Robinson falou ainda das condições do mercado de ferro, as perspectivas para as commodities, sobretudo o petróleo, e como selecionar o projeto de mineração correto para investir. “Apesar dos desafios, o minério de ferro ainda tem proporcionado boas entregas para o mercado, a exemplo da Rio Tinto Iron Ore, que produziu 325 milhões em toneladas de minério no último ano, tudo isso com redução de custos, o que lhe proporcionou margem muito maior”, afirmou.
Mothersole concordou com Rawle ao afirmar que haverá muitas mudanças no consumo até 2020, mas o PIB mundial demonstra que a recessão de muitos países já está dissipando, resultado de políticas econômicas como o corte de impostos e reformas. No entanto, é preciso construir um modelo mais conservador em razão das previsões em relação ao grande mercado consumidor da China. “Uma série de eventos na China estão afetando os mercados de metais primários, com três forças limitantes para seu crescimento: o preço, o consumo e o custo.”
Mareels destacou o papel do investidor na cadeia produtiva da mineração e o potencial de investimento que o setor apresenta. Ele ressaltou, no entanto, a sua preocupação em relação aos produtos de baixa qualidade. “A oferta de produtos de alta qualidade está crescendo e quem comercializa produtos de qualidade inferior vai acabar competindo com a China, que produz minérios de baixa qualidade, mas vende a preços muito menores”, ponderou.
Sobre as perspectivas relativas ao mercado de ações, Westin afirmou que estão dispostos cerca de 270 trilhões de dólares em investimentos em todo o mundo e o setor de commodities abarca uma parte percentualmente muito inferior em relação a outros. “Qualquer realocação que se faça, portanto, impacta substancialmente na mineração.” Westin concluiu que o segredo para que o setor continue atraindo investimento é buscar produzir com qualidade, diminuindo margem de custos e inovando sempre.