Exportações do Pará sobem apenas 10% no primeiro trimestre de 2008
14/05/08
As exportações do Pará estão em ritmo lento. No primeiro trimestre deste ano, elas cresceram pouco mais de 10%, chegando US$ 2 bilhões, enquanto a média de 2007 foi de quase 20%. Um dos motivos da queda é observada no setor madeireiro, que subiu apenas 5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o aumento foi superior a 40%. A balança comercial do Estado só não foi mais abalada porque o minério, apesar de registrar uma pequena queda, também garantirá uma estabilidade para a pauta de exportações pelas próximas décadas. A balança teve um saldo de 6,8% nos últimos três meses, com superávit acima de US$ 1,9 bilhão. A análise foi divulgada ontem pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa).
A produção de madeira para exportação apresentou uma queda de 268 mil toneladas em 2007 para pouco mais de 230 mil toneladas em 2008, representando um decréscimo de 13%. O pequeno aumento de 5% nas exportações do produto está relacionado ao preço no mercado internacional, que teve reajuste de 22%. `O cenário hoje não é favorável por conta de todas as condicionantes impostas ao setor florestal. Temos que considerar também a sazonalidade do setor, já que se formos fazer uma análise histórica desse período do ano veremos que é natural uma queda. Esperamos que no segundo semestre esse quadro possa se reverter`, avalia Raul Tavares, coordenador do CIN.
Apesar de positivo, o crescimento de 6,8% na balança comercial é considerado tímido. `A sobrevalorização do real é o principal entrave e é observado há algum tempo, mas agora atingiu níveis altos e que prejudicam Estados exportadores como o Pará`, afirma Raul Tavares. Segundo o coordenador do CIN, a situação não é pior porque as importações cresceram em alto índice, atingindo 74,9% de aumento em relação ao mesmo período de 2007, resultando em um total de compras de 185 milhões de dólares, o que colaborou em grande parte para o crescimento de 6,8%. `Para um Estado carente de tecnologia, a importação pode nos trazer benefícios em outras áreas. Em nosso caso, portanto, não recolhemos tanto impostos na saída, mas auferimos na entrada do Estado. Esse tipo de dinâmica nos mantêm desde o ano passado como o segundo maior saldo na balança comercial, só perdemos para Minas Gerais e deixamos para trás outros Estados que exportam bem mais do que nós. No ano passado, Minas alcançou US$ 11,8 bi, enquanto nós chegamos a US$ 7,2 bi. Este ano, percebemos que estamos na mesma classificação, com US$ 2,3 bi, bem atrás de Minas, com US$ 3,5 bi`, comemora.
Entre as importações, destaque para automóveis e tratores, que tiveram crescimento de mais de 4.236%, saltando de 414 mil dólares importados em veículos no ano passado para quase 18 milhões de dólares no mesmo período deste ano. O ferro foi outro produto de destaque nesse grupo, chegando a quase 5.000% de aumento.
Volume de venda da pimenta registrou alta de 54% este ano
Neste ano, outros setores da pauta de exportações tiveram aumento. Um desses produtos é a pimenta, que cresceu 52% no volume de vendas, e a pasta química de madeira, que superou 45% e chegou a quase US$ 70 milhões de dólares em exportação, passando de 6,6 mil toneladas, no primeiro trimestre de 2007, para 7,4 mil toneladas de 2008. O valor do produto também teve variação positiva de quase 40%, o que favoreceu os ganhos com a exportação.
Essa diversificação da pauta de exportações foi, segundo Raul Tavares, uma das causas da redução de quase dois pontos percentuais na fatia de participação dos minérios nas vendas para o exterior. Historicamente, o setor mineral correspondia a mais de 80% de todas as exportações paraenses e neste primeiro semestre caiu para 78,8%.
O manganês foi um dos minérios com melhor resultado, registrando um aumento de 500% no volume de vendas para o exterior em relação a 2007. O aumento foi ocasionado pelo aumento do preço médio do produto no mercado e crescimento de 60% da produção voltada para a exportação.
O silício foi outro produto que alcançou bons números, com aumento de quase 50% nas exportações, enquanto que a alumina (-12%) e o alumínio (-3%) apresentaram queda por conta de um decréscimo de cerca de 7% no preço do produto no mercado internacional. Ainda assim, o coordenador da CNI diz que o minério ainda terá um peso fundamental na balança comercial do Pará por muitos anos.
Amazônia Jornal