Estratégia da Vale é diminuir cada vez mais a dependência do minério de ferro
27/02/07
A compra da empresa de carvão australiana AMCI pela Vale, segundo analistas, está dentro da estratégia da mineradora brasileira de diversificar sua atuação, tornando-se uma fornecedora mais completa para a indústria siderúrgica, menos dependente da receita do minério de ferro. Essa dependência já havia caído de 74% das receitas para 56% após a compra da mineradora canadense Inco, especializada em níquel. No curto prazo, porém, as projeções de preços para o carvão não favorecem o negócio. Segundo o analista Rodrigo Ferraz, da Brascan Corretora, as cotações do produto devem cair entre 15% e 20% este ano. Já o analista da Quest Investimentos, Marcelo Aranha, disse que as siderúrgicas esperam queda de 10% a 15% nos preços do insumo. ?Mas a queda pode estar contabilizada no preço pago pela empresa?, diz Aranha. Por outro lado, segundo ele, a expectativa de aumento da produção mundial de aço, puxada pela China, eleva a demanda por carvão pelas siderúrgicas. ?As maiores siderúrgicas ainda são muito dependentes de carvão?, afirma Aranha.A analista da SLW, Kelly Trentin, ressaltou que a compra da AMCI é ?proporcionalmente uma aquisição pequena?, que não irá prejudicar o caixa da Vale. Na avaliação dela, a empresa poderá fazer novas aquisições, assim como as que ?a Gerdau vive anunciando?.A Vale já tem outros negócios em carvão e, recentemente, divulgou previsão de investimentos de US$ 70 milhões no projeto Moatize, em Moçambique. Rodrigo Ferraz lembra que o aumento da produção de carvão esbarra em questões ambientais. ?Com o Protocolo de Kyoto, o uso dessa matriz energética deve ser reduzido?, disse o analista, explicando que a redução não será imediata. Já Aranha diz que a tendência é as siderúrgicas utilizarem processos que permitam filtrar melhor os gases decorrentes do uso do carvão.
CHIARA QUINTÃO
O Estado de São Paulo